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Novo fecho de correr AiryString da YKK

O fecho-éclair recebe a sua primeira grande atualização em 100 anos: ao eliminar a fita de tecido que durante um século manteve unidos as filas de dentes entrelaçadas, a gigante japonesa YKK está a desenhar o futuro da roupa sem costuras visíveis.

Durante mais de cem anos, o fecho-éclair, ou fecho de correr, manteve-se praticamente inalterado: duas filas de dentes entrelaçados, um cursor que desliza sobre elas e uma fita de tecido que o segura.

O fecho-éclair uma daquelas invenções que conquistaram o mundo pela discrição: usa-se em milhares de milhões de peças todos os dias, mas quase ninguém pára para pensar em como funciona.

Agora, após um século de imobilismo, a YKK, a empresa japonesa que fabrica cerca de metade dos fechos do mundo, decidiu repensar o mecanismo que mantém unida grande parte da roupa moderna. O novo fecho AiryString parece vulgar à primeira vista. Mas rapidamente se percebe o que falta: não há fita de tecido.

Essa ausência muda tudo. Sem o tecido entrançado que normalmente ladeia os dentes, o AiryString é mais leve, elegante e muito mais flexível. É uma pequena mas significativa reinvenção que parece saída do futuro, um sistema de fixação que se integra na peça de roupa em vez de sobressair à superfície, diz a Wired.

“Queríamos resolver os desafios associados à costura dos fechos-éclair”, explica Makoto Nishizaki, vice-presidente da Divisão de Desenvolvimento de Aplicações da YKK.

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O novo fecho AiryString da YKK não tem as tradicionais fitas de tecido que juntam as filas de dentes entrelaçados

A ideia nasceu de uma colaboração iniciada em 2017 com a JUKI Corporation, líder mundial em máquinas de costura industriais. Juntas, as duas empresas repensaram não só como se fabrica um fecho, mas também como este se pode fundir de forma mais harmoniosa com o tecido.

Se o nome YKK não lhe soar familiar, olhe para o cursor dos fechos do seu casaco ou das suas calças: é provável que já use um deles. Fundada no Japão em 1934, a YKK fornece fechos a marcas como Prada, Arc’teryx, Patagonia ou The North Face, e em 2023 registou receitas superiores a 6 mil milhões de dólares.

O seu domínio resulta de um controlo invulgar sobre todo o processo: a YKK fabrica as suas próprias máquinas, desenha os seus moldes e até produz o seu próprio fio.

O fecho-éclair, tal como o conhecemos, não sofre uma verdadeira revolução desde os anos 1910. A sua longevidade deve-se à fiabilidade: é resistente, barato e fácil de coser. Durante grande parte do século XX, isso bastava.

Mas os materiais evoluíram. Hoje, os designers trabalham com nylons ultraleves, tecidos elásticos e misturas técnicas que se comportam mais como pele do que como pano. O fecho tradicional, com as suas bordas tecidas e costuras rígidas, começou a parecer desajustado.

“Há uma procura crescente no mercado por peças de vestuário mais leves e flexíveis”, afirma Nishizaki. “E as mesmas expectativas estendem-se aos fechos.”

Remover a fita levantou uma série de desafios de engenharia. As tiras de tecido dão estrutura ao fecho e fornecem a superfície onde os alfaiates cosem. Sem elas, a YKK teve de repensar todo o processo de produção.

Os dentes foram redesenhados, o processo de fabrico reescrito e novas máquinas criadas para fixar o fecho às peças. “A ausência da fita gerou várias dificuldades de produção”, explica Nishizaki. “Foi necessário desenvolver novo equipamento e uma máquina de costura específica para a integração.”

O resultado é um sistema mais leve e flexível, que reduz o uso de materiais e o impacto ambiental em comparação com um fecho convencional. O efeito final é sobretudo táctil. As peças movem-se de forma mais natural, assentam melhor no corpo e parecem menos mecânicas.

“Conduzimos repetidamente testes de durabilidade e resistência, cosendo o AiryString e fechos convencionais em vários tecidos”, explica Nishizaki. “Em termos de utilização, o AiryString oferece uma operação muito mais suave.”

Traduzido para a experiência do utilizador: um deslizar mais fluido e agradável — aquele toque que distingue um casaco de qualidade de um de fabrico barato.

Quando lhe perguntam como serão os fechos daqui a 50 anos, Nishizaki não fala em tecidos inteligentes nem em mecanismos com inteligência artificial. Volta antes ao lema da YKK: “Pequenas peças. Grandes diferenças”.

O AiryString encarna esse princípio: não é uma reinvenção vistosa, mas uma afinação precisa. Um mecanismo centenário tornado mais leve, limpo e quase invisível. Num mundo obcecado por inovações cada vez mais rápidas e ruidosas, a revolução da YKK triunfa por subtrair, e não por acrescentar.


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