“Com uma massa associativa dinâmica e participativa, que tantas vezes coloca o clube acima de todas as outras prioridades, dirigentes abnegados, atletas que atuam no limite das suas forças e funcionários que fazem do Benfica a sua vida, não há quem por aqui passe que não repita que ‘o Benfica tem uma mística especial e única’. Não podemos deixar que a representação territorial do clube, corporizada nas suas Casas, fique sem a referência de excelência que nos vincula: o papel absolutamente decisivo que desempenham na ligação entre o Benfica e os seus sócios e adeptos, independentemente da sua residência ou nacionalidade, obriga-nos a assumir o redimensionamento das ‘Casas do Benfica’, na inclusão, participação e aproximação da alma e do coração dos benfiquistas ao clube. O Benfica, assumimos, não está completo sem que um sócio, esteja onde estiver, viva onde viver, se sinta, nessa condição, pleno e em casa! É por isso que ‘Só o Benfica Importa’ (…) Se servir o clube é uma obrigação de todos os sócios, servi-lo com rigor, ética e responsabilidade é o nosso dever, enquanto candidatos a dirigentes do Benfica”, acrescenta.
[A 14 de janeiro de 1986 um acontecimento muda o rumo da campanha das presidenciais: a inesperada agressão a Soares na Marinha Grande. Nas urnas, o socialista e Zenha lutam por um lugar na segunda volta frente a Freitas. A “Eleição Mais Louca de Sempre” é o novo Podcast Plus do Observador sobre as Presidenciais de 1986. Uma série narrada pelo ator Gonçalo Waddington, com banda sonora original de Samuel Úria. Pode ouvir aqui, no Observador, e também na Apple Podcasts, no Spotify e no Youtube Music. E pode ouvir o primeiro episódio aqui, o segundo aqui e o terceiro aqui.]
– No discurso que teve aqui em Barcelos, mostrou que é alguém que liga muito à simbologia das coisas, neste caso por ter sido aqui que começou a campanha de 2021 e por ter sido contra o Gil Vicente que se sagrou campeão. Vamos agora a uma outra simbologia: no dia das eleições, o Benfica vai jogar com o Arouca…
– É e já no passado tivemos alguns dissabores nesse embate. É uma equipa tradicionalmente difícil para nós mas acho que é um dia em que… Antes de mais, até posso fazer já um apelo: há eleições, há necessidade de toda a gente ir a votos, queremos que todos os benfiquistas possam votar e daí estarmos a fazer a maior operação de sempre. É uma pena que nem toda a gente possa votar, sobretudo muita gente que está no estrangeiro e lamentamos muito isso. É um dia eleitoral mas o apelo que faço é que durante aqueles 90 minutos não haja eleições, haja apenas o Sport Lisboa e Benfica contra o Arouca. É um jogo de extrema importância para o Campeonato e que naqueles 90 minutos esteja tudo só concentrado no jogo, a equipa precisa.
– Se na época passada o Benfica não empata esse jogo e fosse campeão, quantos candidatos iria enfrentar?
– Provavelmente era algo que alterava tudo e é isso que me faz também estar aqui. Se tivesse tido esse mandato assim… Fala-se muito na quantidade de vitórias que o Benfica devia ter tido, sou o primeiro a assumir isso mas de qualquer forma o que fizemos neste percurso de quatro anos e aquilo que foi a época passada faz-me dizer que não há equipa ou clube no mundo que esteja mal quando está a lutar por todas as competições. É verdade que não ganhámos, é verdade que no Benfica não festejamos vitórias morais nem existem mas faz-me acreditar que o plano está bem traçado e é uma questão de a bola entrar ou não entrar num momento crucial. O Benfica tem disputado todas as competições até ao limite e sem esse empate, se tivéssemos com isso sido campeões, não estávamos com seis candidatos, não estávamos com toda esta azáfama… Mas percebo, o clube vive de títulos, todos vivemos de títulos e nós também queremos isso.
– Numa primeira fase da campanha queria sobretudo justificar aquilo que não tinha corrido bem no mandato, a partir de certa altura percebe-se que é alguém cada vez mais confiante. Qual foi o gatilho para essa alteração?
– Não há propriamente um gatilho, há um timing de campanha. Não pude fazer a campanha como outros candidatos, que tiveram toda a disponibilidade do mundo. Eu privilegiei o fator presidente e continuo a fazê-lo. Não esquecer que viemos de um Mundial de Clubes com 60 jogos feitos, os jogadores tiveram dez dias de férias e dez dias de pré-temporada para fazermos a Supertaça contra o Sporting e termos as eliminatórias pela Liga dos Campeões. Mais do que as eleições, aquilo que mais me importava era que o Benfica ganhasse, como aconteceu. Começo a minha campanha muito mais tarde porque privilegiei isso, nunca deixei de ser presidente ao longo deste período e não há tanta disponibilidade de tempo mas importava explicar o que se passou, ser presidente obriga a isso. Os meus adversários falam no meu mandato e apontam ao futuro, eu primeiro quis explicar aos adeptos o que achava dos primeiros quatro anos e depois explicar o que tinha daqui para a frente, a razão pela qual quero continuar a ser presidente do Benfica. Não por egoísmo, não apenas pelo amor pelo clube mas porque sei o que foi feito ao longo destes quatro anos em que preparámos o clube para um futuro melhor do que encontrei há quatro anos.