“Este acordo permite-nos avançar de forma sustentável na nossa transição para as emissões zero”, disse um porta-voz da Nissan.
As metas de emissões impostas pela União Europa (UE) para o período de 2025-2027 estão a colocar pressão sobre todos os construtores e a Nissan não é exceção.
Para evitar o pagamento de multas por incumprimento, o construtor japonês decidiu — como tantos outros —, agrupar-se com outro construtor.
Mas, ao contrário de outros anos, em que se juntava ao Grupo Renault e a Mitsubishi, os seus parceiros na Aliança, a Nissan decidiu agora juntar-se à chinesa BYD, de acordo com um documento evelado na semana passada.

A escolha da BYD é fácil de entender: a fabricante chinesa vende exclusivamente elétricos e híbridos plug-in na Europa, gerando créditos de carbono em excesso que podem ser comercializados. Até agosto deste ano, a BYD vendeu 95 473 automóveis, dos quais cerca de 60% eram elétricos e os restantes híbridos plug-in.
“Após uma avaliação cuidadosa de potenciais parceiros, a BYD foi a escolhida devido à sua disponibilidade de créditos e à sua competitividade global”, disse um porta-voz da Nissan à Automotive News Europe. “Este acordo permite-nos avançar de forma sustentável na nossa transição para as emissões zero”, concluiu. O agrupamento entre a Nissan e a BYD é válido para o corrente ano (2025).
Recorde-se que em março, a UE anunciou uma alteração às regras do cálculo das emissões de CO2, dando aos construtores três anos para as atingir. Se inicialmente a média de 93,6 g/km de CO2 (WLTP) teria de ser atingida até ao final deste ano, agora será a média de 2025, 2026 e 2027.
Mesmo assim, esta meta coloca vários fabricantes em risco de incumprimento. Explicamos tudo o que está em causa no episódio n.º 71 do Auto Rádio:
Em caso de incumprimento, terão de pagar 95 euros por cada carro e por grama de CO2 acima do limite estipulado pela UE. Por isso há, cada vez mais, construtores à procura de alianças.
De acordo com a ACEA (Associação Europeia de Fabricantes Automóveis), estima-se que as multas decorrentes do incumprimento das emissões (antes da alteração do cálculo) pudessem ascender aos 15 mil milhões de euros.
Os agrupamentos de emissões, ou emission pools, são um mecanismo disponibilizado pela UE para ajudar os construtores a atingir as metas de emissões, evitando multas avultadas.
Isto significa que um construtor em risco de incumprimento pode juntar-se a outro que não esteja e, assim, as emissões dos dois podem ser calculadas em conjunto.
Outros agrupamentos
Para além da Nissan e da BYD já vários outros construtores anunciaram agrupamentos de emissões. Em janeiro, ficámos a saber que a Stellantis, a Toyota, a Ford, a Subaru e a Mazda têm a intenção de se juntar à Tesla. Também a Mercedes-Benz anunciou que iria juntar-se à Volvo.
Recentemente, a KG Mobility (antiga SsangYong) anunciou que iria agrupar-se ao fabricante chinês de veículos elétricos XPeng, de forma a cumprir com as metas de emissões. Eventuais futuros acordos entre outras marcas deverão ser concluídos até 31 de dezembro de 2025.
Não é a primeira vez que isto acontece. Já em 2020/2021 os construtores também se agruparam para cumprirem as metas estabelecidas. O caso mais famoso foi o da antiga FCA (Fiat Chrysler Automobiles), que se juntou à Tesla para as contas das emissões. A soma paga pela primeira à segunda permitiu financiar a construção da fábrica da Tesla na Alemanha.
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Quantos navios já tem a BYD na sua frota (até setembro de 2025)?