
Sede da Nestlé em Vevey, na Suíça
“O mundo evolui, a Nestlé tem de se adaptar”. Os hábitos de consumo colocam em risco grandes empresas.
A Nestlé anunciou na semana passada que prevê dispensar 16 mil trabalhadores em todo o mundo. A previsão é que esses despedimentos se concretizem nos próximos dois anos.
A empresa apresentou os resultados do terceiro trimestre: quedas nas vendas de 1,9%, para 71 mil milhões de euros.
“O Mundo evolui e a Nestlé tem de se adaptar mais rapidamente”, implicando “tomar decisões difíceis, mas necessárias, para reduzir os funcionários”, disse o presidente da multinacional, o austro-suíço Philip Navratil, que assumiu o cargo no início de setembro.
O aglomerado empresarial possui mais de duas mil marcas, incluindo Nescafé, Maggi KitKat, entre outras, e viveu um mês de setembro agitado, com a saída do então diretor-geral, o francês Laurent Freixe, e do anterior presidente, o belga Paul Bulcke.
Não é só a Nestlé: a tal evolução, a mudança dos gostos dos consumidores e dos hábitos de consumo, colocam em risco as “Big Food”, as grandes empresas alimentares.
As preferências mudam, o modelo do conglomerado cede e os medicamentos para a perda de peso vão tomando conta de grandes quotas do mercado, resume o Axios.
Este anúncio da Nestlé surge um mês depois de a Kraft Heinz ter anunciado planos para se dividir em duas empresas independentes de capital aberto: uma com condimentos e alimentos em caixa (ketchup Heinz, ou queijo Philadelphia), a outra com artigos básicos de mercearia (cachorros-quentes Oscar Mayer, Kraft Singles e Lunchables).
Os gigantes da alimentação estão a enfrentar pressões de diversas forças, incluindo o abandono dos consumidores dos alimentos processados; e a crescente popularidade dos fármacos GLP-1, que têm revolucionado o tratamento da obesidade.
A nível macro, não se esquece a guerra comercial global e os custos voláteis das matérias-primas – a Nestlé tem que lidar com o aumento dos preços do cacau.