Sergei Lavrov defende que a Rússia não procura um acordo temporário e reitera que Moscovo não irá aceitar um cessar-fogo imediato na Ucrânia que não resulte na capitulação total de Kiev

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergei Lavrov, reiterou esta terça-feira que Moscovo não irá aceitar um cessar-fogo imediato na Ucrânia que não resulte na capitulação total de Kiev. Lavrov defendeu que a Rússia procura uma “paz estável e a longo prazo” e não um acordo temporário que, segundo o próprio, “não leva a lugar nenhum”, posição que, sublinhou, não mudou desde a cimeira do Alasca.

O diplomata russo, que no mesmo dia falou com o homólogo norte-americano ao telefone, voltou a responsabilizar a expansão da NATO para leste e a alegada discriminação contra os russos na Ucrânia como “causas principais” do conflito. Na análise do Institute for the Study of War (ISW), think tank norte-americano, estas declarações reforçam a determinação do Kremlin em atingir os seus objetivos de guerra originais – nomeadamente a neutralidade ucraniana, a substituição do governo de Volodymyr Zelensky por um executivo pró-russo e a reversão da política de portas abertas da NATO. 

Lavrov também respondeu às exigências do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que tem defendido o fim imediato da guerra, lembrando que essas exigências são incompatíveis com os objetivos estratégicos da Rússia. “Se simplesmente pararmos, isso significará esquecer as causas originais do conflito”, sublinhou Sergei Lavrov. 

Em contraste, a Ucrânia e os aliados europeus manifestaram apoio à proposta de Donald Trump para um cessar-fogo imediato. Numa declaração conjunta assinada na terça-feira, os presidentes Volodymyr Zelensky (Ucrânia), Emmanuel Macron (França) e Alexander Stubb (Finlândia), os primeiros-ministros Keir Starmer (Reino Unido), Friederich Merz (Alemanha), Giorgia Meloni (Itália), Donald Tusk (Polónia), Jonas Støre (Noruega), Mette Frederiksen (Dinamarca) e Pedro Sánchez (Espanha), o presidente do Conselho Europeu António Costa e a presidente da Comissão Europeia Ursula von der Leyen expressaram o seu acordo de usar a atual linha da frente como “ponto de partida” para negociações de paz. 

Os líderes europeus salientaram ainda que a Ucrânia é “a única parte séria em relação à paz” e afirmaram que Kiev deve estar “na posição mais forte possível antes, durante e após qualquer cessar-fogo”. Reiteraram também o compromisso de utilizar os ativos russos congelados para apoiar a reconstrução do país e aumentar a pressão sobre a economia e o setor de defesa da Rússia. 

Segundo a análise do ISW, as sanções económicas e o isolamento financeiro da Rússia são importantes, mas insuficientes para forçar Moscovo a negociar. O relatório sublinha que o fim do conflito depende também da continuação do apoio militar robusto e sustentado à Ucrânia por parte dos seus aliados.