Lucie (Isabelle Huppert) é uma agente da polícia que perdeu o marido, também polícia, e está perto da reforma. Quando um casal novo e a filha pequena se mudam para a casa ao lado, Lucie afeiçoa-se à menina e à mãe (Hafsia Herzi). Até que descobre que o marido é um ativista anti-polícia e membro dos Black Bloc. Rodado com a leveza e a fluidez proporcionadas pela câmara à mão, e com apenas 80 minutos de duração, este novo filme de André Téchiné põe em cena o encontro de pessoas com vidas e pertencendo a mundos totalmente diferentes, mas é sabotado pelo comportamento inverosímil de Lucie para com o seu vizinho delinquente (mas artista talentoso, em jeito de atenuante – pouco convincente), sobretudo tendo em conta a sua atividade sindical, pela superficialidade do ponto de vista dramático e por uma sensação geral de desleixo, incluindo nas interpretações.

O bêbado de uma aldeia algures no interior de Portugal vê-se de posse de uma espada mágica onde está aprisionado um demónio, e que vai usar para combater as forças malignas que ali se manifestam. Feito em estilo semi-amador e no budget por Fábio Powers na aldeia da Beira Baixa de onde é natural e recorrendo aos seus moradores,  O Velho e a Espada é um filme de terror sobrenatural paródico-chunga em que se misturam de forma caótica, com bom humor mas também com escasso nexo, múltiplas influências e referências, dos épicos de fantasy à animação japonesa e aos jogos de vídeo. Situado algures entre O Ninja das Caldas e as fitas da série Balas e Bolinhos, O Velho e a Espada tem uma breve participação de Luís Aleluia naquele que foi o seu último papel, como o fantasma de Fernando Pessoa (e não me perguntem o que diabo faz ele ali).

Jeremy Allen White, da série The Bear, personifica Bruce Springsteen nesta fita inspirada pelo livro do mesmo título de Warren Zane, publicado em 2023, e realizada por Scott Cooper, que recorda a origem, a criação e a produção do sexto álbum do músico, Nebraska, editado em 1982. Springsteen gravou-o em condições quase artesanais no quarto de uma casa isolada e alugada em Colts Neck, na sua Nova Jérsia natal. O disco foi influenciado por coisas tão diversas como os contos da escritora Flannery O’Connor, e Noivos Sangrentos, o primeiro filme de Terrence Malick, mas também, e em grande parte, pela infância infeliz de Springsteen e pela sua relação difícil com o pai. Springsteen: Deliver Me From Nowhere foi escolhido como filme da semana pelo Observador e pode ler a crítica aqui.

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