Está mesmo já em curso a demolição completa da ala este da Casa Branca, uma zona histórica da sede da Presidência norte-americana que tinha sido inaugurada em 1902, para abrir agora caminho a um salão de baile muito desejado por Donald Trump. Estava inicialmente previsto que apenas parte da estrutura fosse alvo de intervenção, como tinha dito o próprio Presidente, que prometera não “tocar” no edifício, mas os planos mudaram e os responsáveis republicanos não levantam objecções à vontade do chefe de Estado, dando “luz verde” à empreitada.
Na noite de quarta-feira, responsáveis da Administração Trump confirmaram a vários órgãos de comunicação social norte-americanos que a destruição total da ala este decorrerá “nos próximos dias”, algo que gerou estranheza em Washington, visto que ainda não foi apresentado às autoridades competentes qualquer projecto oficial para o salão de baile que Trump deseja edificar.
O republicano referiu-se várias vezes à ideia de um salão de baile com oito mil metros quadrados e capacidade para “999 pessoas”, mas desconhecem-se, de momento, os contornos exactos do projecto. A ala este, agora em vias de ser totalmente demolida, tinha sido construída sob ordens do Presidente Theodore Roosevelt em 1902, tendo sido renovada mais tarde durante a Presidência de Franklin D. Roosevelt, e alojava habitualmente os escritórios das primeiras-damas.
Questionado sobre as críticas, sobretudo entre historiadores, arquitectos, e políticos do campo democrata, que se ouviram após ser conhecida a decisão de demolir parte da Casa Branca, Donald Trump desvalorizou a importância da ala este, dizendo nunca ter pensado que “fosse grande coisa”, e que era apenas “um edifício muito pequeno”.
“Para fazermos [o salão de baile] como deve ser, temos de mandar abaixo a estrutura existente”, justificou o Presidente norte-americano. Uma mudança face ao “não lhe vamos tocar” expresso por Trump ao longo do Verão e reafirmado ainda esta semana por Karoline Leavitt, a sua assessora de imprensa.
Além de ter alterado a extensão do projecto, Donald Trump actualiza agora o seu custo. Em vez dos 200 milhões de dólares (aproximadamente 173 milhões de euros) iniciais, o Presidente prevê agora uma despesa de 300 milhões (perto de 259 milhões de euros).
Tal como já tinha dito anteriormente, Trump diz que o luxuoso salão de baile será pago do seu próprio bolso e por “alguns amigos”, empresários e “patriotas”. Recentemente, o Presidente norte-americano foi anfitrião de um jantar que reuniu dezenas de financiadores da empreitada. O evento e o anunciado modelo de financiamento do projecto suscitam suspeitas de conflitos de interesse e da “venda” do acesso à Presidência. Trump, por seu turno, diz que é uma forma de poupar o contribuinte.
A polémica desenrola-se numa altura em que a Administração federal norte-americana se encontra paralisada pela falta de acordo entre republicanos e democratas sobre o financiamento do Governo. No centro da discórdia está sobretudo o fim dos subsídios federais à aquisição de seguros de saúde decretado pelos republicanos, que poderá deixar milhões de norte-americanos, sobretudo os mais pobres, sem acesso a cuidados de saúde já a partir de 1 de Novembro.
Devido ao chamado shutdown, estão agora paralisados diversos serviços públicos e programas de assistência social, e está igualmente congelado o pagamento dos salários a mais de 700 mil funcionários públicos federais.