Para tal, procuravam um edifício com história e uma área considerável, que pudesse integrar um café e áreas de convívio para a realização de exposições e eventos. “A ideia era reinterpretar um espaço já existente, preservando a história e acrescentando-lhe um novo propósito”, destacam os donos. “O edifício é um testemunho notável do património artístico português, albergando pinturas murais de Almada Negreiros — obras raras e de elevado valor cultural. Desde o início, comprometemo-nos a preservar e integrar esses elementos com o máximo respeito“, dizem, reconhecendo que a manutenção e incorporação dos murais, dos revestimentos e da estrutura original representou “um desafio técnico”. Para compor o espaço, a escolha foi por materiais nobres, intemporais, e alguns vindos de Itália: travertino italiano, pedra natural, madeira de carvalho e aço escovado.
Desocupado e fechado desde 2016, o átrio que um dia viu entrar e sair jornalistas, funcionários e convidados do Diário de Notícias volta a estar de portas abertas a quem quiser comprar uma camisa ou beber um café. “Queríamos que qualquer pessoa — interessada em arte, elegância ou simplesmente curiosa — pudesse visitar, sentar-se e apreciar as obras de Almada Negreiros num ambiente sereno e inspirador. Essa abertura é, para nós, parte essencial do conceito“, explicam Lurdes Cabral e Luca Nani.
A marca já leva a ideia do lifestyle e da hospitalidade para outras boutiques à volta do mundo, mas aqui ganha uma reinterpretação de acordo com o contexto lisboeta. “O café não é apenas um complemento à loja, mas sim uma componente central da experiência em loja. Queremos que quem nos visita entre… e permaneça. Que contemple os frescos de Almada Negreiros, descubra a coleção com tempo, troque ideias, trabalhe, leia, ou simplesmente pare para relaxar. Essa decisão reflete também a nossa própria paixão: somos profundamente ligados à arte, à elegância e ao gesto de criar pontes entre universos”, dizem os donos.