A nadadora Hannah Caldas foi suspensa pela Federação Internacional de Natação (World Aquatics) por se ter recusado a fazer um teste de verificação de sexo. A atleta fica proibida de participar em qualquer prova de natação nos próximos cinco anos, segundo avança o jornal A Bola.
Hannah Caldas, de 47 anos, recusou-se a cumprir o teste de verificação de sexo para a participação no 2024 Masters World Championship, uma série de provas internacionais para atletas com mais de 25 anos. Os custos do teste teriam de ser suportados pela própria atleta.
“Este teste seria necessário mesmo depois de a atleta fornecer a sua certidão de nascimento, identificando-a como mulher”, pode ler-se no comunicado publicado pela federação, em que explica toda a investigação e as infrações da atleta por se recusar a fazer o teste exigido.
“Os testes cromossómicos são procedimentos invasivos e dispendiosos. O meu seguro recusa-se a cobrir tal teste porque não é medicamente necessário. Nenhum estado dos EUA exige testes genéticos para eventos desportivos recreativos como estes”, afirmou Hannah Caldas, que atribui esta decisão ao facto de não colaborar com a investigação da federação.
“Mas se uma suspensão de cinco anos é o preço a pagar para proteger a minha informação médica mais íntima, então é um preço que estou feliz por pagar – por mim e por todas as mulheres que não se querem submeter a um teste altamente invasivo apenas para nadar numa masters competition (competições para atletas a partir dos 25 anos)”.
Após a suspensão, que só terá fim a 18 de outubro de 2030, a atleta portuguesa decidiu afastar-se dos eventos de natação. “Tenho competido em eventos oficiais durante 30 anos e estou preparada para deixar tudo ir. A minha vida e privacidade já foram invadidas o suficiente”, lamenta.
Além dos cinco anos de suspensão, todos os resultados obtidos pela atleta no período entre junho de 2022 e outubro de 2024 serão desconsiderados. Hannah tem, no entanto, a possibilidade de recorrer da decisão da federação para o Tribunal Arbitral do Desporto, mas não há indícios de que o faça.
Mas esta não é a primeira vez que a atleta portuguesa está envolvida em polémicas no mundo da natação. Em maio deste ano, no Campeonato Nacional de Primavera, no Texas, Hannah venceu todas as provas em que participou, gerando controvérsia relacionada com o seu género. As várias críticas levaram à abertura de um processo na Procuradoria-Geral do Texas para investigar a organização por alegadamente ter “violado a lei ao permitir que um homem participasse numa competição feminina”.
Hannah Caldas é uma atleta transgénero, natural de Vizela e agora residente na Califórnia. Destaca-se como uma das grandes atletas de remo indoor, tendo já conquistado vários títulos mundiais, inclusive o recorde mundial na distância de 1000 metros.
Texto editado por Carlos Diogo Santos
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