Meses antes de morrer, Diane Keaton subiu as pirâmides de Teotihuacán, no México. “Quase caí”, disse, rindo. Foi também à casa de Frida Khalo. É fácil imaginar as duas bebendo juntas. Ambas tinham personalidades únicas. Ambas desafiaram os padrões de beleza e feminilidade. Ambas eram inteligentes, talentosas e divertidas.
Com certeza tomariam tequila. “Amo tequila. Ela me deixa honesta e um pouco tola, o que é a combinação perfeita”, declarou a atriz. Quando foi ao programa da Ellen Degeneres, levou na bolsa uma garrafa da aguardente mexicana. “Vim preparada. A gente nunca sabe se vai precisar de coragem.” E abriu aquele sorriso que desarma qualquer um.
Coragem é algo que não parecia faltar a Diane Keaton, que sempre impôs o seu jeito de ser, sem se importar com a opinião alheia. Mas o humor autodepreciativo e a espontaneidade faziam parte do seu charme. Já no programa de Jimmy Kimmel, que a chamou de “a convidada mais perigosa e divertida da televisão”, ela tomou sua tequila numa grande taça de vinho. A justificativa: “Assim me sinto adulta”.
Quem viu “Annie Hall” tem uma boa ideia de como ela era. Não à toa, os homens com quem contracenava se apaixonavam por ela. Woody Allen, parceiro neste e em mais sete filmes, foi um deles. Assim como Al Pacino, Warren Beatty (que a dirigiu em “Reds”) e Keanu Reeves. Mas ela nunca quis casar. A vida convencional não a atraía. Vestia-se como um homem do começo do século 20. Tinha fobia de sol e sempre estava coberta, dos sapatos ao chapéu. Não seguia o script da sex symbol e por isso era mais atraente que muitas deusas de Hollywood. “Sempre preferi parecer estranha a entediada.”
Por conta das excentricidades, era conhecida como “aquela atriz louca”. Mas era simplesmente autêntica, e isso confundia —e encantava— as pessoas. Hedonista na medida de seus ternos feitos a mão, bebia vinho no jantar, tequila antes de dormir. Era, como dizia, um “remédio para a alma”. Terminava o dia “com tequila e gratidão —nessa ordem”.
Na comédia “Do Jeito Que Elas Querem”, tem uma cena em que ela bebe martíni, champanhe e tequila com amigas. Candice Bergen, uma delas, precisa de um empurrãozinho para acessar um aplicativo de namoro. Então, determinada, vira um copo da poção.
Apesar dos rumores, a atriz, diretora, cantora e fotógrafa nunca teve uma marca de tequila. Mas teve, sim, um rótulo de vinhos, The Keaton. O preço é acessível e a garrafa vem com tampa de rosquear, como ela fez questão, por ser mais prático. Na propaganda, ela aconselha a tomar com gelo —como ela sempre fez, para o arrepio de enólogos conservadores. Chamava o vinho de seu “segundo amor líquido”.
Ela, que ainda restaurava antigos edifícios em Los Angeles, também criou o Keaton cocktail. Com o qual costumava brindar “a todas as mulheres que bebem tequila e não deixam de fazer ioga.”
Colunas
Keaton cocktail
- 60 ml de tequila
- 30 ml de suco de limão
- 15 ml de xarope de agave
- Água com gás
Junte os ingredientes num copo longo com bastante gelo, mexa e complete com a água com gás. Decore com uma fatia de limão.
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