(dr) National Geographic

Uma vista elevada da sepultura de Tutankhamon

As fissuras na sala onde está o túmulo do famoso faraó egípcio permitem inundações frequentes e há o risco da ruína de pedras.

Os arqueólogos emitiram um alerta urgente de que o emblemático túmulo do Rei Tutankhamon, com 3300 anos de idade, corre o risco de ruir devido à expansão de fissuras e aos graves danos causados ​​pela humidade.

Um novo estudo realizado por investigadores da Universidade do Cairo publicado na Nature revelou uma grande falha geológica que atravessa o teto da entrada e das câmaras funerárias do túmulo, localizado no Vale dos Reis, no Egito. As fissuras crescentes estão a permitir que a água da chuva penetre no local, enfraquecendo a rocha e ameaçando a estabilidade estrutural do túmulo.

Sayed Hemada, Professor de Preservação do Património Arquitetónico na Universidade do Cairo e autor principal do estudo, afirmou que o túmulo enfrenta “riscos urgentes e graves“. A formação rochosa conhecida como xisto de Esna, que compõe grande parte do túmulo, expande-se e contrai-se com as mudanças de humidade, tornando-o altamente suscetível a fissuras e eventual colapso.

“Os túmulos reais no Vale dos Reis exigem uma intervenção urgente e uma monitorização científica precisa para evitar danos irreversíveis”, disse o professor Hemada ao Daily Mail.

O túmulo, descoberto intacto em 1922 pelo arqueólogo britânico Howard Carter, foi em tempos aclamado como a maior descoberta arqueológica do século XX. No entanto, o seu cenário geológico representa agora uma séria ameaça. Escavados no sopé das montanhas do vale, os túmulos são propensos a inundações durante chuvas fortes, que enviam torrentes de água, detritos e pedras pela área.

Uma dessas cheias repentinas, em Outubro de 1994, inundou muitas das câmaras funerárias reais, incluindo a de Tutankhamon, num evento que marcou um ponto de viragem na preservação do túmulo. A água lamacenta não só provocou a abertura de novas fissuras, como também aumentou a humidade, desencadeando o crescimento de fungos que danificaram os vibrantes murais que decoram as paredes.

O relatório alerta que as fissuras colocam agora o teto sob “pressões que excedem a capacidade” do frágil xisto de Esna, criando o risco de “rutura de rochas”. Embora Hemada tenha sublinhado que é improvável que o túmulo se desmorone em breve, alertou que, sem intervenção, poderá não durar “milhares de anos como foi construído”.

Mohamed Atia Hawash, especialista da Universidade do Cairo, acrescentou que as próprias montanhas circundantes estão fraturadas, aumentando o risco de quedas de rochas sobre os túmulos próximos. “Um desastre pode acontecer a qualquer momento. Se o Vale dos Reis for preservado, devem ser tomadas medidas antes que seja tarde demais”, alertou.


Subscreva a Newsletter ZAP


Siga-nos no WhatsApp


Siga-nos no Google News