Putin leva ainda relativamente a sério as novas sanções impostas por Trump – mas quanto às novas sanções europeias, fez ironia com elas

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, prometeu esta quinta-feira uma resposta “devastadora” à eventual utilização de mísseis Tomahawk para atacar território russo.

“Se essas armas forem utilizadas para atacar o território russo, a resposta será muito forte. Para não dizer devastadora. Que eles pensem nisso”, disse o líder do Kremlin, citado pela agência estatal russa Ria Novosti.

O envio de mísseis Tomahawk para a Ucrânia tem sido tema em cima da mesa no último mês entre Kiev e Washington, DC. No entanto, após o encontro da passada sexta-feira entre Volodymyr Zelensky e Donald Trump na capital americana, ficou claro que tal não acontecerá em breve.

Putin, que falou aos jornalistas no 17.º Congresso da Sociedade Geográfica Russa, minimizou também as palavras do presidente dos EUA, que esta quarta-feira disse que tinha cancelado o encontro de Budapeste com o homólogo russo porque “não lhe parecia correto”. Putin sugeriu que Donald Trump não se estava a referir ao cancelamento, mas sim ao “adiamento” da reunião.

Sobre as sanções americanas, Putin procurou tranquilizar os russos, garantindo-lhes que as mesmas não vão ter um “impacto significativo”.

“Não há nada de novo aqui. Sim, elas (sanções) são graves para nós, claro. E terão certas consequências, mas não terão um impacto significativo, especialmente na nossa saúde económica”, previu o líder russo, que considerou as sanções um “ato hostil” que “não fortalece as relações russo-americanas”.

O presidente russo disse também que esta “tentativa de exercer pressão” não vai dar resultado com Moscovo.

“Nenhum país que se preze e nenhum povo que se preze decide nada dessa forma (sob pressão). Sem dúvida, a Rússia tem esse privilégio — sentir-se e considerar-se parte dessa lista de países e povos que se prezam.”

Putin foi mais irónico sobre as sanções europeias e deu-se ao luxo de brincar com a proibição da importação de sanitas por Bruxelas. “O facto de terem cancelado a compra das nossas sanitas vai sair-lhes caro. Na minha opinião, elas seriam úteis na situação atual”.

Num tom mais sério, Vladimir Putin vaticinou a subida dos preços do petróleo como consequências das sanções americanas, mas disse esperar que estas não afetem o mercado energético global.

A administração de Donald Trump anunciou esta quarta-feira sanções contra dois grandes grupos petrolíferos russos, Rosneft e Lukoil.

O anúncio contra as duas maiores empresas petrolíferas da Rússia foi feito pelo secretário do Tesouro, Scott Bessent, que criticou a recusa de Moscovo em terminar uma “guerra sem sentido”.

As sanções contra a Rosneft e a Lukoil, bem como dezenas de subsidiárias, seguem-se a meses de pressão bipartidária sobre o Presidente Donald Trump para sancionar a Rússia de forma mais rigorosa no setor petrolífero.

“Agora é o momento de parar o derramamento de sangue e de estabelecer um cessar-fogo imediato”, disse Bessent, em comunicado.

Dada a “recusa de o presidente russo, Vladimir Putin, terminar esta guerra sem sentido”, o Tesouro está a sancionar as duas maiores empresas petrolíferas da Rússia que financiam a máquina de guerra do Kremlin.

Bessent afirmou que o Departamento do Tesouro estava preparado para tomar medidas adicionais, se necessário, para apoiar o esforço do Presidente norte-americano para acabar com a guerra. “Encorajamos os nossos aliados a juntar-se a nós e a cumprir estas sanções”, adiantou Bessent.