Vinte e quatro pessoas foram detidas após mais uma noite de motins e de confrontos com a polícia nas imediações de um centro de alojamento de refugiados e requerentes de asilo, incluindo ucranianos, na zona ocidental de Dublin, capital da República da Irlanda, informaram ensta quinta-feira as autoridades irlandesas.

Dois agentes da An Garda Síochána, a polícia irlandesa, foram levados para o hospital na quarta-feira à noite, na sequência dos ataques levados a cabo pelos desordeiros, que incluíram o lançamento de pedras, de garrafas de vidro, de tábuas de madeira e de pirotecnia. Uma das agentes feridas foi atingida com uma garrafa na cabeça.

“Os membros da An Garda Síochána responderam mais uma vez com coragem e profissionalismo à violência criminosa ocorrida esta noite no Citywest. Muitos foram detidos e outros serão detidos em breve. Serão acusados, identificados e julgados implacavelmente pelo nosso sistema judicial”, reagiu o ministro da Justiça irlandês, Jim O’Callaghan, citado pelo Irish Independent.

Entre os detidos constam 17 adultos, que serão apresentados a um juiz nesta quinta-feira, e cinco menores de idade, que já foram libertados e cujo destino será decidido ao abrigo de um programa especial da Garda para lidar com criminalidade juvenil.

Pela terceira noite consecutiva, centenas de pessoas juntaram-se em frente ao complexo de Citywest, onde estão alojados beneficiários de um programa de protecção internacional do Governo, que, segundo o Irish Times, incluem 1200 ucranianos que fugiram da invasão russa do seu país e 460 requerentes de asilo.

Os protestos começaram depois de um homem de 26 anos, de nacionalidade estrangeira, ter sido acusado de abusos sexuais contra uma rapariga de dez anos no campus do Citywest, na madrugada de segunda-feira. O nome e a nacionalidade do agressor não foram, no entanto, revelados, ao abrigo da legislação penal irlandesa.

Justin Kelly, comissário da polícia, assegurou que a “violência” teve a “intenção de danificar o edifício Citywest e de intimidar aqueles que estavam lá dentro”, e Micheál Martin, primeiro-ministro irlandês e líder de um executivo de centro-direita, afirmou que “não há justificação” para ataques contra a polícia.

“Não é a primeira vez que a comunidade ucraniana ou a comunidade imigrante em geral na Irlanda são alvo de ataques”, lamentou Anatoilii Primakov, porta-voz da comunidade imigrante da Ucrânia na Irlanda, em declarações à RTÉ. “Estamos a lidar com famílias que fugiram da guerra (…), famílias e pessoas que já sofreram, que vieram para a Irlanda em busca de abrigo e segurança, mas que, em vez disso, estão a encontrar isto.”

Temendo uma onda de violência anti-imigração semelhante à que ocorreu em 2023, num protesto motivado por um ataque de um homem contra três crianças e uma mulher, a polícia anunciou que vai manter um forte dispositivo de segurança nas imediações do Citywest durante os próximos dias, com centenas de agentes destacados para travar novos motins.

As autoridades esperam um regresso à calma já nesta quinta-feira à noite, véspera da realização das eleições presidenciais.