Este especial faz parte de um conjunto de reportagens com os candidatos à presidência do Benfica: Martim Mayer, João Diogo Manteigas, Cristóvão Carvalho, Luís Filipe Vieira, Noronha Lopes e Rui Costa.
O espaço é mais pequeno do que em 2020, o espaço tem mais pessoas de um lado para o outro do que em 2020. A segunda corrida eleitoral de João Noronha Lopes deixou o espaço que tinha sido utilizado na zona de Belém, simbolicamente escolhido pela proximidade com a Farmácia Franco onde toda a história do Benfica começou, e passou para a zona das Laranjeiras. Aí é diferente, a própria estrutura deste novo edifício que fica nas Laranjeiras é diferente. Em tudo o resto, sobram pontos de contacto com esse período que terminou com uma votação de quase 35% que pela primeira vez teve o condão de ameaçar algo que parecia ser estar apenas reservado ao nome que liderou o conjunto da Luz durante duas décadas, Luís Filipe Vieira. “Mas há outras coisas que mudaram, recordo-me que organizava chamadas por Zoom com os sócios que estivessem mais longe”, atiramos. “Não, não, continuamos a fazer isso. A nuance é que nessa altura andávamos no período Covid, não permitia termos tanto contacto. Mas fazemos, claro”, responde João Noronha Lopes.
É dia de jogo frente ao Newcastle, o único dia em que nunca faz campanha porque o Benfica entra em campo como vai repetir mais vezes ao longo do dia. E percebe-se que é dia de jogo porque há mais voluntários que já andam de equipamento vestido à espera que o conjunto de José Mourinho consiga finalmente pontuar numa Liga dos Campeões que não começou da melhor forma com derrotas frente a Qarabag e Chelsea. Logo ali no espaço de entrada de uma sede bem caracterizada que não deixa dúvidas para quem passa do que se trata, um quadro na parede que vai sendo mexido com o aproximar das eleições dá o mote: “Faltam apenas ___ dias para a mudança”. No dia em que o Observador acompanha Noronha Lopes, são quatro – sendo que, para todos os números, são colocados nomes de um jogador que tenha atuado com a camisola pelo Benfica. Ali, o escolhido foi Carlos Gamarra, um dos dois antigos atletas que manifestou apoio a Cristóvão Carvalho.
Mais do que espírito fair play, ali está retratado um dos estados que marcam toda a máquina da campanha: o clube e as suas referências estão acima de qualquer querela eleitoral. Noronha Lopes desce as escadas, passa pela copa, tira um Red Bull para beber antes das reuniões que tem marcadas e volta a ganhar asas para mais um dia com agenda cheia mesmo passando mais tempo do que é habitual na sede. “Sejam bem-vindos aqui à nossa casa. Agora não é preciso usar o casaco, pois não?”, questiona. Não é, até porque as primeiras chuvadas mais a sério das últimas longas semanas parecem ter dado trégua e sobra um tempo tropical na rua que não se nota tanto pelos ares condicionados espalhados pela sede. Ali, onde está um ecrã grande que vai passando em loop várias intervenções públicas do candidato entre outros vídeos da campanha, está também uma bola. Poucos resistem a dar uns toques quando andam nesse espaço mas o empresário finta essa vontade.
A parte mais operacional da campanha está no mesmo espaço das pessoas que têm trabalhado a dinâmica de visitas a Casas do Benfica, com pinos vermelhos espalhados em todas as zonas do país que foram visitadas até ao momento (são mais de 60, com Santarém a ser o próximo destino mais logo). Do lado esquerdo das escadas, empilhados numa visão cada vez menos frequente com a digitalização de meios e costumes, existem centenas de jornais de campanha. “Foi um sócio que nos quis oferecer e gostámos muito da ideia”, explica Noronha Lopes. Mais tarde chegaria outro associado que faz sair Noronha Lopes da sala onde está reunida a task force que prepara o debate a seis na BTV. Para um cumprimento, para 1.001 agradecimentos. Afinal, por iniciativa própria, fez mais de 4.000 quilómetros em três dias para distribuir jornais pelas Casas.