Esta sexta-feira, um tribunal em Ancara irá retomar o julgamento sobre as alegadas irregularidades num congresso do Partido Republicano do Povo, CHP, o maior da oposição, celebrado em novembro de 2023, e que elegeu pela primeira vez o seu atual líder, Ozgur Ozel.A justiça turca alega que Ozel foi então eleito através de um processo fraudulento e pede a destituição de toda a direção do mesmo partido.
No mês passado, o tribunal adiou a sua decisão para a sessão desta sexta-feira. Entretanto, o CHP já tentou esvaziar o processo, tendo convocado um novo congresso extraordinário, no fim de setembro, que reelegeu Ozel.
Segundo o advogado do maior partido da oposição, a justiça deveria arquivar o processo já que o tema deixou se ser relevante. O mais provável é que haja um novo adiamento da decisão final, talvez para dezembro, mantendo assim a oposição sob pressão.

A generalidade dos observadores independentes sugere que o desfecho deste caso irá mostrar se a Turquia ainda permanece uma democracia, ou se se tornou uma autocracia total, com a justiça manipulada pelo poder político, ao serviço do todo-poderoso presidente Recep Tayyip Erdogan, há 22 anos no poder.Os críticos falam de ataque judicial ao maior partido da oposição, que nas últimas eleições locais obteve mais votos que o partido de Erdogan, algo inédito nos últimos 25 anos.
Nos últimos meses, centenas de autarcas, quadros e militantes do partido têm sido detidos, acusados de corrupção ou terrorismo. Entre eles está Ekrem Imamoglu, o popular ex-presidente da câmara de Istambul, principal candidato do CHP para as próximas presidenciais, detido desde março e acusado de corrupção à frente da autarquia da maior metrópole turca.