O relatório preliminar do GPIAAF [Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e Acidentes Ferroviários] sobre o acidente no Elevador da Glória surpreendeu o Presidente da República, por revelar “muito mais” do que Marcelo Rebelo de Sousa “tinha pensado”. Ainda assim, o chefe de Estado considera que é preciso esperar pelo relatório definitivo antes de serem apuradas responsabilidades.

Na quinta-feira à noite, em declarações à RTP, o chefe de Estado assumiu que o relatório preliminar, que dá conta de que o cabo de tracção do elevador da Glória “não estava certificado para utilização em instalações para transporte de pessoas” e que levou à demissão do conselho de administração da Carris, contém mais informação do que a que esperava.

“Eu sou jurista, tenho formação de jurista. Quero esperar pelo relatório definitivo. Claro que o relatório preliminar já deu algumas consequências, mas isso são decisões de quem as tomou. Eu queria ver o relatório definitivo para ver se se confirma tudo aquilo que vem no relatório preliminar, que é muito mais do que eu tinha pensado”, admitiu.


Sobre o que é que o surpreendeu no relatório, Marcelo Rebelo de Sousa escusou-se a clarificar. “Eu não quero estar a pressionar o relatório definitivo. Tinha-se falado de duas ou três coisas, sobretudo, e o relatório junta a essas duas ou três coisas mais algumas, portanto, vamos esperar pelo definitivo”, disse.

Assinalando que “em função do [relatório] definitivo é preciso, de facto, apurar as responsabilidades”, o Presidente da República não quis responder sobre se será necessário indicar responsabilidades políticas, caso o relatório final confirme o documento preliminar. “Não queria antecipar-me ao relatório definitivo, senão é uma pressão sobre a elaboração” do documento, considerou.

“O preliminar foi feito sem pressões e agora vamos ver o definitivo, sem pressões, para ver o que é que se apura, em que estado é que se encontravam as coisas”, frisou, sinalizando que “depois há vários raciocínios que se pode fazer sobre aquilo que vier a ser apurado”.