Enviado especial de Vladimir Putin sublinha também que Trump e Putin devem mesmo encontrar-se

O enviado russo aos EUA, Kirill Dmitriev, disse esta sexta-feira à CNN, no programa “The Lead with Jake Tapper”, que acredita que EUA, Rússia e Ucrânia podem estar perto de uma “solução diplomática” para a guerra.

“Acredito que a Rússia, os EUA e a Ucrânia estão, na verdade, muito próximos de uma solução diplomática. É um grande progresso do presidente Zelensky já reconhecer que se trata de linhas de batalha”, disse Dmitriev.

“Sabe, a posição anterior dele era que a Rússia deveria sair completamente, então, na verdade, acho que estamos razoavelmente perto de uma solução diplomática que pode ser alcançada”, acrescentou.

O enviado especial de Vladimir Putin para o investimento e cooperação económica disse também que o próximo encontro entre o presidente russo e Donald Trump, que deveria ter ocorrido por estes dias em Budapeste, deverá ocorrer “provavelmente numa data mais tarde”.

Kirill Dmitriev chegou aos EUA para conversações “oficiais” com o governo americano poucos dias depois de Trump ter anunciado novas e duras sanções contra a Rússia.

O também chefe do fundo soberano russo (RDIF) reuniu-se com funcionários da administração Trump “para continuar as discussões sobre a relação EUA-Rússia”, adiantou a CNN esta sexta-feira.

A visita surge no meio da crescente frustração dos EUA com a recusa do Kremlin em pôr fim à guerra na Ucrânia e depois de Trump ter dito que tinha “cancelado” uma cimeira prevista com o seu homólogo do Kremlin, Vladimir Putin.

Dmitriev – que tem sido um proeminente defensor do Kremlin para uma cooperação económica mais estreita entre a Rússia e os Estados Unidos – propôs recentemente a construção de um túnel “Trump-Putin” entre o Alasca e o Extremo Oriente russo.

Kirill Dmitriev

Nascido na Ucrânia da era soviética e formado em Harvard e Stanford, nos EUA, Dmitriev trabalhou como consultor na empresa de consultoria americana McKinsey e como banqueiro de investimentos na Goldman Sachs.

Após a invasão total da Ucrânia pela Rússia, em fevereiro de 2022, Dmitriev foi sancionado pelo Departamento do Tesouro dos EUA, que o considerou um “colaborador próximo de Putin” e da sua família.

O Departamento do Tesouro escreveu em 2022 que “Putin e o seu círculo íntimo de comparsas há muito que contam com o RDIF e Dmitriev para angariar fundos no estrangeiro, incluindo nos Estados Unidos”.

Em abril, Dmitriev tornou-se o primeiro responsável russo a visitar Washington DC desde a invasão total da Ucrânia pela Rússia. Na altura, a sua visita – durante a qual se encontrou com o enviado de Trump, Steve Witkoff – foi vista como um passo importante nas relações entre o Kremlin e a Casa Branca, que estavam então a aquecer.

O governo americano levantou temporariamente as sanções contra Dmitriev para permitir que o Departamento de Estado lhe concedesse um visto de entrada nos EUA, revelou uma fonte à CNN em abril.