Apesar de defenderem as metas para 2035, França e Espanha também apelam a alguma flexibilidade… que vem agarrada a uma condição.

Enquanto países como Alemanha e Itália apelam à flexibilização das metas de emissões, França e Espanha mantêm-se firmes na defesa dos objetivos atuais para 2035, colocando em campos opostos quatro dos maiores países europeus produtores de automóveis.

Numa carta conjunta enviada aos líderes europeus — à qual a Euronews teve acesso — Paris e Madrid sublinham que a proibição de venda de automóveis novos com motores de combustão interna é “indispensável” para alcançar a neutralidade carbónica até 2050.

“Esta escolha fundamental, que orientou várias dezenas de milhares de milhões de euros de investimento industrial na Europa desde 2023, não deve ser questionada”, disseram.

Opel Manta GSe ElektroMOD 8As vendas de híbridos plug-in em França têm caído (-28,8%). Já em Espanha continuam a crescer (99,9%).

Os dois países rejeitam também a proposta da indústria automóvel de prolongar a vida dos híbridos plug-in para além de 2035, considerando-a “inaceitável”.

Até agosto de 2025, França e Espanha venderam 184 871 e 61 959 veículos elétricos, respetivamente, segundo dados da ACEA. Apesar de França ter registado uma ligeira queda de 2% face ao mesmo período do ano anterior, Espanha apresentou um crescimento expressivo de 95,6% — quase duas vezes mais.

A Alemanha, que até agosto liderava as vendas de elétricos com 336 707 unidades comercializadas (+39,2%), é um dos principais opositores à proibição dos motores de combustão a partir de 2035. A esta junta-se a Itália. A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, classificou as metas como uma “ideologia da loucura”, reiterando a sua oposição desde o início.

Made in Europe

Mas apesar de se manterem firmes nas metas decididas para 2035, França e Espanha reconhecem os desafios que a indústria automóvel europeia enfrenta — ritmo lento da adoção da eletrificação, concorrência chinesa, etc. —, e exigem, por isso, alguma flexibilidade, mas com uma condição.

Recorde que as metas de emissões para 2030 e 2035 vão ser reavaliadas ainda este ano. O que os dois países europeus sugerem é que a União Europeia vá à “raíz do problema” nessa reavaliação, garantindo incentivos aos fabricantes europeus para investirem na eletrificação da produção industrial no continente.

Essencialmente, França e Espanha exigem que essa flexibilidade para atingir as metas de redução de emissões para 2030 e 2035 esteja diretamente ligada aos esforços de cada construtor em produzir veículos elétricos na Europa.

“A transição para a eletricidade não deve levar à deslocalização de empregos e ao aumento da dependência de países terceiros. Pelo contrário, a revisão das metas de emissões de dióxido de carbono (CO₂) é a oportunidade de introduzir flexibilidade no apoio aos fabricantes que produzem veículos elétricos e que adquiram os seus componentes na Europa”, como é referido na carta.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou recentemente que a revisão do regulamento sobre as normas de emissões de CO₂ previstas para 2030 e 2035 será antecipada para antes do final do ano.

A avaliação incluirá também o papel dos combustíveis sintéticos e outras alternativas de baixas emissões na transição para um transporte rodoviário neutro em carbono.

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