Para aqueles que vivem em lugares com muita exposição ao sol, é preciso ter alguns cuidados diários com a pele. Um dos principais riscos da exposição excessiva é o diagnóstico de queratose actínica, um tipo de lesão pré-cancerígena. Em entrevista ao Diário do Nordeste, a médica Juliana Pinheiro* detalhou os sintomas, os riscos e a prevenção do câncer de pele.
Segundo a especialista, a exposição crônica à radiação ultravioleta (UV) sem proteção é considerado o principal fator de risco para a doença. Apesar da queratose actínica ainda não ser o câncer de pele, seu aparecimento já liga um alerta para novos cuidados com o corpo.
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O que é queratose actínica?
A queratose actínica, também conhecida como ceratose solar, é um tipo de lesão de pele pré-cancerígena. Conforme Juliana, ela pode evoluir para um tipo de câncer de pele, o carcinoma espinocelular.

Legenda:
A exposição crônica à radiação UV sem proteção é considerado um dos principais fatores de câncer de pele.
Foto:
Shutterstock/Henk Vrieselaar.
Quais são os tipos de queratose?
O termo “queratose” se refere às alterações na camada mais superficial da pele. Dentre os diferentes tipos, existem:
Ao Diário do Nordeste, Juliana explicou que a queratose pilar é mais comum em braços e coxas, surgindo principalmente em pacientes com histórico de atopia, uma forma de predisposição genética para desenvolver condições alérgicas.

Legenda:
A queratose pilar é conhecida por causar acúmulo de queratina nos folículos pilosos, deixando a pele áspera.
Foto:
Shutterstock/Sruilk.
Quais são os sintomas e sinais dessa lesão pré-maligna?
Na maioria dos casos, essas lesões são assintomáticas, mas alguns pacientes podem apresentar:
- Coceira;
- Ardência;
- Dor no local.
Além disso, as lesões geralmente são mais palpáveis do que visíveis, apresentando-se como lesões pequenas ou avermelhadas. Elas podem surgir de forma isolada ou múltipla.
Onde a queratose actínica costuma aparecer no corpo?
As queratoses actínicas costumam surgir nas partes do corpo que recebem sol de forma crônica ao longo da vida. “São muito comuns na face, no couro cabeludo de pacientes calvos, no colo, nos braços e no dorso das mãos. Quando aparecem nos lábios, recebem o nome de queilite actínica”, detalhou Juliana.

Legenda:
As lesões costumam surgir em regiões mais expostas ao sol.
Foto:
Shutterstock/Henk Vrieselaar.
O que piora a queratose?
A exposição crônica à radiação UV pode piorar a queratose, assim como o uso de câmeras de bronzeamento artificial, que voltou a ser procurado por jovens.
Qual a diferença entre queratose e outras lesões de pele?
A queratose actínica está diretamente ligada a um histórico pessoal de exposição solar crônica, algo que o paciente deve sempre ter em mente para não retardar o diagnóstico.
“A principal mensagem para o paciente é: se a lesão está em região que sempre pegou sol, não resolve ao longo dos dias e a pele tem histórico de exposição solar acumulada, vale procurar avaliação médica para descartar queratose actínica.”
Juliana Pinheiro
Dermatologista
O que causa a queratose actínica?
Uma das principais causas da queratose actínica é o dano cumulativo da radiação ultravioleta. Essa é uma das lesões mais comuns em consultórios dermatológicos.
Quem pode desenvolver queratose actínica?
As pessoas com maior risco de desenvolver queratose actínica são aquelas de pele clara, que praticamente não se bronzeiam, conhecidas como fototipo baixo.
Juliana ainda destacou que pacientes com histórico familiar de câncer de pele merecem atenção especial, bem como aqueles em uso crônico de imunossupressores, como os transplantados de órgãos sólidos.
Quais são os principais fatores de risco?
Os indivíduos com histórico de exposição solar crônica, como trabalhadores rurais e pescadores, apresentam risco elevado de desenvolver câncer de pele, assim como usuários de câmeras de bronzeamento artificial.
Os portadores de alterações genéticas, como o albinismo e o xeroderma pigmentoso, também estão mais suscetíveis ao desenvolvimento dessas lesões.

Legenda:
Para evitar o câncer de pele, é importante usar filtro solar de amplo espectro com proteção para radiação UVA e UVB.
Foto:
Shutterstock/Verona studio.
Como prevenir a queratose actínica no dia a dia
Dentre algumas medidas que podem ser tomadas para evitar a queratose actínica, estão:
- Usar filtro solar de amplo espectro com proteção para radiação UVA e UVB (necessário reaplicar após sudorese intensa, banho de imersão e a cada duas horas de exposição solar intensa);
- Utilizar chapéus, roupas de manga comprida e óculos escuros;
- Evitar se expor ao sol em horários de maior incidência da radiação ultravioleta;
- Reforçar os cuidados na infância, para evitar queimaduras solares que aumentam o risco futuro.
Quais são os tratamentos para queratose actínica?
Caso um paciente apresente queratose actínica, é preciso realizar o tratamento para que lesões não evoluam para câncer de pele. A dermatologista explicou que o tratamento irá variar a depender de:
- Tamanho;
- Profundidade;
- Quantidade de lesões.
“Quando a queratose actínica aparece de forma isolada, opções como a crioterapia, curetagem com eletrocoagulação e a remoção cirúrgica podem ser utilizadas com bons resultados”, afirmou Juliana.

Legenda:
Nem todos os sinais ou lesões são cancerígenas, por isso, é importante investigar com um especialista.
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Shutterstock/Kwanchai.c.
Nos casos de múltiplas lesões, é necessário realizar o tratamento de campo, que remove não apenas as lesões visíveis, mas também atua sobre aquelas alterações subclínicas da pele, ainda não aparentes. O uso de medicamentos tópicos, como o imiquimod e o 5-fluorouracila, podem ser inseridos no tratamento.
*Juliana Pinheiro é médica formada pela Universidade Federal do Ceará com especialidade em Dermatologia pelo Centro de Dermatologia Dona Libânia. Ela realizou estágios e treinamentos em importantes centros de dermatologia no Brasil e no exterior, incluindo UTHealth, Houston, Texas e Mayo Clinic).