Pesquisas realizadas em regiões conhecidas pela alta expectativa de vida, como Okinawa (Japão), Loma Linda (Califórnia, EUA) e Ikaria (Grécia), revelam que a longevidade está mais associada a hábitos simples, vínculos afetivos e estilo de vida equilibrado do que a fatores genéticos ou tratamentos sofisticados. Estudos recentes demonstram que o segredo da vida longa reside em rotinas que unem alimentação natural, convivência comunitária, serenidade e amor ao próximo.

A descoberta das “zonas azuis” e os hábitos que prolongam a vida

Pesquisadores que estudaram as chamadas “zonas azuis” — regiões com alta concentração de pessoas centenárias — observaram padrões de comportamento comuns. Os moradores dessas localidades consomem vinho com moderação, especialmente os de uvas de casca escura, ricos em resveratrol, substância com propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias.

Entretanto, novas expedições científicas revelaram que o vinho era apenas um detalhe dentro de um modo de vida pautado pela simplicidade e pelo convívio social. Em Okinawa, Ikaria e Loma Linda, os habitantes cultivam hortas e vinhedos familiares, caminham diariamente, reúnem-se ao ar livre e cultivam o hábito de prosar sob árvores ao entardecer, jogando damas, dominó e gamão.

A influência da rotina, da alegria e das conexões humanas

De acordo com os pesquisadores, a longevidade está fortemente ligada à satisfação com a vida cotidiana. Essas comunidades mantêm relações familiares sólidas, laços de amizade duradouros e um senso de pertencimento coletivo. O estudo observou que os idosos raramente vivem isolados, permanecendo integrados à rotina comunitária.

Sorrisos frequentes, disposição para o diálogo e ausência de ambições desmedidas compõem o retrato desses povos. O equilíbrio emocional, aliado à moderação e ao contentamento, reduz o estresse e contribui para a saúde cardiovascular e mental.

A contribuição da medicina moderna e dos cuidados preventivos

Com o avanço da geriatria, especialistas destacam a importância de hábitos físicos regulares e alimentação controlada. Pequenas caminhadas diárias fortalecem o coração, melhoram a circulação e auxiliam na prevenção de doenças ateroscleróticas.

Para quem vive em ambientes urbanos, recomenda-se o uso de piscinas para exercícios de perna, três a cinco vezes por semana, sob exposição solar leve, até as 10h ou após as 16h, o que ajuda na produção de vitamina D e K, essenciais para a absorção do cálcio e a saúde óssea.

Na alimentação, priorizar vegetais, proteínas magras, ovos caipiras e evitar ultraprocessados mostra-se determinante. Médicos alertam para o controle dos chamados “venenos brancos”: açúcar refinado, sal e farinha de trigo. Consultas regulares a cardiologistas, dentistas e nutricionistas completam o cuidado preventivo.

Saúde mental, espiritualidade e vida social ativa

A longevidade não depende apenas do corpo, mas também da saúde emocional e espiritual. Os estudos apontam que não guardar mágoas, cultivar o perdão e manter o contato humano são atitudes que prolongam a vida.

Atividades sociais, leituras, visitas a amigos, participação em clubes e associações são hábitos que reforçam o bem-estar psicológico. O sono de qualidade, em ambiente escuro e silencioso, é igualmente essencial. Além disso, a prática da solidariedade e da fé pessoal confere sentido à existência e alimenta o sentimento de propósito, fundamental para o equilíbrio psicológico na velhice.

Higiene, descanso e alegria cotidiana

Pequenos gestos de cuidado também compõem o quadro de bem-estar. Banhos regulares, limpeza adequada de dobras da pele e cabelos, e o zelo pessoal expressam autocuidado e dignidade. Dormir entre sete e oito horas por noite contribui para o equilíbrio hormonal e para o bom funcionamento cognitivo.

A alegria cotidiana, o senso de humor e a capacidade de relevar ofensas e compreender diferenças completam o perfil das pessoas que envelhecem com qualidade de vida e serenidade.

“Quem pratica o amor sempre guarda alguns respingos na alma”, sintetiza o autor Joseval Carneiro, advogado, jornalista e vice-presidente da Academia de Cultura da Bahia.

A longevidade como conquista coletiva

O aumento da expectativa de vida é um fenômeno global, resultado de avanços médicos e de mudanças culturais. No entanto, a essência da longevidade está menos na medicina e mais na harmonia entre corpo, mente e sociedade.

Com o envelhecimento populacional crescente, torna-se urgente investir em políticas públicas que incentivem o envelhecimento ativo, o convívio intergeracional e a urbanização inclusiva. Viver mais, afinal, não basta — é preciso viver melhor, com afeto, propósito e dignidade.

Perfil do Autor

Joseval Carneiro (joseval@plenus.neté ex-diretor do DETRAN-DF e do Conselho Estadual de Trânsito da Bahia, delegado de Polícia aposentado com especialização nos Estados Unidos, membro da Associação Bahiana de Imprensa (ABI) e vice-presidente da Academia de Cultura da Bahia.

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