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Os macacos chegaram inicialmente à Flórida pela mão de um operador turístico na década de 1930. Agora, a sua rápida propagação preocupa as autoridades locais devido ao impacto no ecossistema.
Um recente vídeo viral no Instagram mostra um passeio de barco por Silver Springs, na Flórida, a ser subitamente interrompido pelo que parece ser uma “chuva” de macacos.
Embora possa parecer uma montagem ou feito por Inteligência Artificial, o vídeo é real e serve de lembrete da relação complicada da Flórida com a vida selvagem não nativa.
A história por detrás do espetáculo remonta à década de 1930, quando um empreendedor local chamado Coronel Tooey organizava passeios de “cruzeiro na selva” em Silver Springs. Ansioso por tornar a atração mais autêntica, Tooey libertou uma dúzia de macacos rhesus (Macaca mulatta) numa pequena ilha da região. A espécie, nativa do sul e leste da Ásia, adaptou-se rapidamente ao novo ambiente e, ao longo das décadas, a sua população cresceu muito para além do que se esperava.
Na década de 1980, as autoridades responsáveis pela vida selvagem da Flórida ficaram alarmadas com a rápida propagação dos macacos e com o seu potencial impacto ecológico. Entre 1984 e 2012, cerca de 1000 macacos foram capturados e removidos, numa tentativa de controlar a população. Mesmo assim, os resilientes primatas persistiram. Uma estimativa de 2015 contabilizou aproximadamente 176 indivíduos a viver em cinco grupos sociais, alertando que, sem uma gestão contínua, a população poderia duplicar em poucos anos.
O sucesso dos macacos na Flórida realça a sua notável adaptabilidade. Prosperam tanto em ambientes urbanos como selvagens, vivendo frequentemente perto de humanos sem medo. Mas a sua presença levanta preocupações ambientais e de saúde, incluindo a competição com as espécies nativas e o risco de transmissão de doenças, refere o IFLScience.
E estes macacos não estão sozinhos na sua inesperada fama na Flórida. O clima subtropical do estado tornou-o um refúgio para todos os tipos de animais invasores, desde iguanas-verdes a macacos-vervet.
Aliás, os habitantes locais preparam-se mesmo para um fenómeno anual conhecido como “queda da iguana”, quando as ondas de frio paralisam temporariamente estes répteis de sangue frio, fazendo com que caiam das árvores. Apesar de parecerem sem vida, muitos simplesmente revivem assim que aquecem — muitas vezes para surpresa de quem tenta “resgatá-los”.
Sejam macacos a chover do topo das árvores ou iguanas a cair dos ramos, a vida selvagem da Flórida continua a esbater a linha entre o natural e o bizarro. Para os residentes, pode estar na altura de acrescentar mais um item à lista de precauções sazonais: um guarda-chuva resistente a macacos e iguanas congeladas.