Os fornecedores europeus alertam para a falta de chips: impacto na produção deverá começar a ser sentido em poucos dias.
A crise de chips que ameaça afetar a indústria automóvel está a assumir contornos cada vez mais preocupantes. “Este é um assunto extremamente sensível”, disse Benjamin Krieger, secretário-geral da CLEPA (Associação Europeia dos Fornecedores Automóveis).
Depois da ACEA (Associação Europeia de Fabricantes Automóveis) ter manifestado preocupação, a CLEPA junta-se ao apelo por uma resposta coordenada. “Pedimos a todas as partes que atuem com integridade e cautela. A cadeia de abastecimento é profundamente interligada e a transformação da mobilidade na Europa depende de um ecossistema de semicondutores estável”, lê-se no comunicado oficial.
Os fornecedores automóveis estão entre os mais afetados pela crise. Fontes citadas pela Bloomberg indicam que a escassez poderá atingir os principais forncedores em poucos dias, com risco de paralisação generalizada em menos de duas semanas.

“Os fornecedores estão a sofrer um impacto severo como produtores intermédios. Apelamos a todas as partes interessadas que se envolvam de forma construtiva e ajam com urgência para encontrar soluções viáveis que evitem interrupções na produção em toda a cadeia de valor automóvel”, reforça a CLEPA.
Porque é que isto está a acontecer?
A atual crise teve início nas restrições impostas pela China às exportações da Nexperia, fabricante neerlandesa de semicondutores controlada pela chinesa Wingtech. A empresa fornece cerca de 60% da sua produção à indústria automóvel.
As restrições surgiram após a decisão do governo dos Países Baixos de nacionalizar a Nexperia — medida tomada sob pressão dos EUA — com o objetivo de limitar a influência da Wingtech.
Apesar dos chips da Nexperia não serem topo de gama — não são os mesmos utilizados nos carros autónomos —, são essenciais para funções básicas como iluminação, controlo eletrónico e até 700 outros componentes críticos. “A escassez tem um efeito contínuo em sistemas eletrónicos essenciais, como sensores de radar, que sozinhos consomem cerca de um milhão de chips por semana”.
“Os fornecedores são os primeiros e os mais afetados pelas interrupções nas entregas de semicondutores e a interrupção atual representa uma séria ameaça à capacidade de produção, podendo afetar a produção em questão de dias.”
CLEPA
A associação sublinha que os fornecedores já tinham alertado para a necessidade de diversificar os locais de produção. “Decisões tomadas ao longo dos anos deixaram a Europa sem capacidade suficiente para o embalamento de semicondutores e agora estamos a enfrentar as consequências. Esta situação é um lembrete claro da urgência em reforçar as capacidades locais”, afirma Krieger.
“É vital que as vozes dos nossos membros sejam incluídas nas discussões e soluções, tanto a nível industrial quanto político, para garantir a implementação de medidas eficazes”, concluiu Krieger.
Sabe esta resposta?
A Nexperia é controlada por que empresa chinesa?