ΧΑΡΗΣ ΑΚΡΙΒΙΑΔΗΣ / Wikimedia

Lina Mendoni, Ministra da Cultura da Grécia

Em causa está uma gala de angariação de fundos no Museu Britânico, onde foram exibidas esculturas do Partenon. Há vários anos que a Grécia reclama a devolução das obras de arte, que foram vendidas ao Governo britânico.

Um evento no Museu Britânico está a causar uma crise diplomática entre a Grécia e o Reino Unido. Em causa está uma gala de angariação de fundos repleta de estrelas, com mesas de jantar dispostas a poucos metros dos mármores do Partenon.

As autoridades gregas acusaram o museu de ser provcador por encenar aquilo a que chamaram um espetáculo de mau gosto no meio de uma longa disputa sobre o regresso das esculturas antigas a Atenas.

O evento, apelidado de “baile cor-de-rosa“, atraiu uma lista de convidados que incluía Mick Jagger, Naomi Campbell, Miuccia Prada, Manolo Blahnik, Alexa Chung e Kristin Scott Thomas. Cada convidado pagou 2000 libras para comparecer, ajudando a angariar mais de 2,5 milhões de libras para o museu. O evento começou com um cocktail no Grande Pátio do museu, seguido de um jantar e um leilão silencioso na Galeria Duveen, onde estão expostas as esculturas de Fídias do século V a.C., que outrora faziam parte do friso do Partenon, refere o The Guardian.

A ministra da Cultura grega, Lina Mendoni, atacou o evento por não valorizar o significado cultural e ético das antiguidades. “A segurança, a integridade e a ética dos monumentos devem ser a principal preocupação do Museu Britânico”, disse, acrescentando que a visão de mesas ricamente decoradas junto das estátuas de mármore era “ofensiva“.

A reação intensificou-se em Atenas, quando as autoridades acusaram o museu de tratar o património nacional grego como pano de fundo para o entretenimento de celebridades. Nikitas Kaklamanis, presidente do parlamento grego, condenou o “uso provocatório” das esculturas, acusando a instituição de angariar fundos cinicamente “para seu próprio benefício” e de cobrir “a cultura grega no tom da Barbie” enquanto as esculturas “aguardam pacientemente o seu regresso à terra natal”.

Nikolaos Stampolidis, diretor do Museu da Acrópole em Atenas, descreveu o evento como “de mau gosto“, defendendo que reforçou a defesa da reunificação das esculturas na Grécia. O último piso do Museu da Acrópole foi concebido especificamente para exibir os mármores do Partenon em vista do próprio monumento antigo, enfatizando a sua unidade histórica e artística.

A controvérsia surge num momento delicado das negociações em curso entre Londres e Atenas sobre um possível empréstimo ou devolução parcial das esculturas. Os mármores foram removidos do Partenon há mais de 200 anos por Lord Elgin, então embaixador britânico no Império Otomano, e posteriormente vendidos ao governo britânico em 1816.

O Museu Britânico recusou comentar a reação negativa, mas o episódio veio abalar ainda mais as relações com a Grécia e reacendeu o debate sobre o verdadeiro lugar dos mármores do Partenon.


Subscreva a Newsletter ZAP


Siga-nos no WhatsApp


Siga-nos no Google News