Com seus mais de 800 mil assinantes no país, a Brasil Paralelo acaba de dar um passo firme para sua expansão com o lançamento do selo Big Picture Originals, que focará em documentários de apelo internacional. O primeiro produto da empreitada é God Complex: A Ascensão da Máquina de Censura Americana, filme que fornece um bom resumo – pela perspectiva conservadora – dos caminhos que levaram os Estados Unidos nos últimos anos a ir contra um dos princípios que eram mais caros ao país: a liberdade de expressão.

A obra dirigida por Henrique Viana começa recapitulando o que foi a Primavera Árabe e como as redes sociais tiveram papel crucial para que cidadãos do norte da África e do Oriente Médio se rebelassem contra as instituições locais. Foi o primeiro grande evento a deixar claro como Facebook, Twitter e congêneres teriam poder de influenciar futuros movimentos políticos, dando voz ao homem comum, sem o filtro da mídia convencional.

Ao mesmo tempo em que as pessoas ganharam essa ferramenta, os setores outrora dominantes perceberam que precisavam impor freios ao uso indiscriminado delas. Com depoimentos de gente que foi muito próxima do poder, como o ex-funcionário do Departamento Estado Americano no primeiro governo Donald Trump Mike Benz e da ex-correspondente da Casa Branca Chanel Rion, God Complex aponta quais foram os principais mecanismos usados para encurralar as empresas de tecnologia e ressalta como ações da autarquia USAID impactaram outros países além dos Estados Unidos.

Admiradores do regime chinês

O grande mérito do documentário é demonstrar como os progressistas trocaram sua histórica bandeira em apoio ao discurso livre por uma agenda cerceadora de opiniões divergentes, sem o menor pudor de sufocar iniciativas que ameaçam o establishment. Um trecho de God Complex mostra intelectuais e líderes políticos como o ex-prefeito de Nova York Michael Bloomberg e o ex-primeiro ministro canadense Justin Trudeau elogiando a ditadura da China. Se fosse um produto da Brasil Paralelo voltado aos assinantes brasileiros, caberia até colocar o juiz do STF Gilmar Mendes com a infame frase proferida por ele recentemente: “somos admiradores do regime chinês”.

O Brasil até aparece rapidamente em God Complex, quando o assunto é a influência dos órgãos governamentais na gestão Joe Biden durante o pleito em que Jair Bolsonaro foi derrotado e Lula voltou à presidência. Mas esse é só um exemplo de como a pressão americana influenciou o sistema universalmente, obrigando as plataformas digitais a acatarem normativas com as quais seus próprios donos não concordavam. Não por acaso, esses empresários celebraram o retorno de Trump ao poder nos EUA.

Claro que God Complex só faz sentido para quem vota no Partido Republicano e tem uma visão de mundo mais próxima do campo da direita, o que inclui libertários e até anarcocapitalistas, que costumam ser defensores vorazes da liberdade de expressão. Quem está na outra ponta do espectro ideológico não vai assistir ao documentário e, caso o assistisse, diria que ele defende teses furadas e não reconhece que a esquerda está protegendo o mundo com seu digníssimo combate ao “discurso de ódio”.

  • God Complex: A Ascensão da Máquina de Censura Americana
  • 2025
  • 110 minutos
  • Indicado para maiores de 16 anos
  • Disponível na Brasil Paralelo

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