Um estudo publicado na revista The Lancet Public Health trouxe uma descoberta importante: pessoas com perda auditiva não tratada têm 42% mais risco de desenvolver demência entre os 40 e 69 anos. A boa notícia é que o uso de aparelhos auditivos podem reverter esse quadro, reduzindo significativamente o risco de declínio cognitivo.

O que o estudo descobriu

A pesquisa analisou dados de 438 mil pessoas do UK Biobank, um dos maiores bancos de dados de saúde do mundo. Entre os participantes, cerca de 25% apresentaram algum grau de perda auditiva, mas apenas 12% utilizavam aparelhos auditivos.

Os resultados foram claros: aqueles que tinham perda auditiva, mas não usavam aparelhos, apresentaram 42% mais chance de desenvolver demência, enquanto os que tratavam a condição não apresentaram aumento no risco. Ou seja, cuidar da audição é também uma forma de proteger o cérebro.

Como a perda auditiva afeta o cérebro

Quando a audição é comprometida, o cérebro deixa de receber estímulos sonoros – e isso afeta diretamente áreas relacionadas à memória, linguagem e aprendizado. Basicamente, no momento em que escutamos algo, o som é convertido em estímulo elétrico e passa pelas vias neurais, até chegar na região do cérebro onde é traduzido em informação.  

Essa é a mesma região responsável pela memória, equilíbrio e comunicação, e precisa de estimulação. Com o tempo, essa “falta de exercício” cerebral pode levar à atrofia neuronal, facilitando o surgimento de demências e doenças cognitivas.

O impacto emocional da perda auditiva

Além dos prejuízos neurológicos, a perda auditiva afeta a vida social e emocional. Pessoas com dificuldade de ouvir tendem a se isolar, o que aumenta o risco de depressão e ansiedade. Esse isolamento reduz o estímulo mental e contribui ainda mais para o declínio cognitivo. O ciclo, no entanto, pode romper-se com diagnóstico precoce e tratamento adequado.

Embora o uso de aparelhos auditivos seja essencial, a reabilitação completa envolve uma série de etapas, incluindo audiometria clínica, adaptação personalizada e acompanhamento contínuo. Em outras palavras, ouvir bem é também exercitar o cérebro – e cada estímulo sonoro ajuda a manter as funções cognitivas ativas e protegidas.