A 27ª edição da Corrida para Vencer o Diabetes movimentou o Parque Moinhos de Vento, em Porto Alegre, na manhã deste domingo (26). Mesmo com chuva fraca, o evento reuniu diversas famílias e reforçou o caráter participativo da ação já consolidada no calendário da Capital. A estimativa da organização é de que entre 3,5 mil e 4 mil pessoas tenham percorrido os 3 quilômetros, iniciados na passarela da Avenida Goethe.

A corrida, que não possui tom competitivo, é uma das principais fontes de arrecadação do Instituto da Criança com Diabetes do Rio Grande do Sul (ICD-RS), referência no atendimento gratuito a jovens com diabetes tipo 1. Os recursos são obtidos especialmente por meio da venda das camisetas do evento, comercializadas a R$ 35 cada. Neste ano, a peça de vestuário era da cor bordô.

“Foi muito além do esperado pela previsão do tempo. A adesão mostra o quanto a comunidade entende a importância da causa”, afirmou a superintendente do Instituto, Ana Bertuol. Para ela, o evento cumpre papel duplo: “Muita gente ainda não sabe que crianças podem ter a forma mais grave da doença e que o controle é diário. Por isso a mobilização é tão importante”.

O diabetes tipo 1 é uma doença autoimune que impede o organismo de produzir insulina. Sem o hormônio, a glicose não chega às células e se acumula no sangue, criando risco de complicações graves com o passar do tempo. O tratamento exige atenção permanente, com medição frequente de glicemia, múltiplas aplicações de insulina ao dia e acompanhamento clínico contínuo.

No Rio Grande do Sul, estima-se que cerca de 9 mil pessoas de zero a 20 anos convivam com essa condição crônica, que não possui cura até o momento. O diagnóstico precoce e o acesso a insumos e orientação de qualidade são decisivos para evitar internações e impactos permanentes à saúde.

Com sede na Capital e convênio com o Grupo Hospitalar Conceição, o ICD-RS atende mais de 5,3 mil crianças e adolescentes de 332 municípios gaúchos. A instituição oferece acompanhamento interdisciplinar com endocrinologistas, enfermeiros, nutricionistas, psicólogos e educadores físicos. Além do atendimento clínico, promove educação em diabetes e suporte social às famílias, muitas vezes responsáveis por atividades de cuidado integral no dia a dia.

Segundo a entidade, essa abordagem aliada ao acesso a novas tecnologiase ao monitoramento constante contribuiu para uma redução de 94% nas internações hospitalares dos pacientes acompanhados. Nos períodos em que há falhas no fornecimento de insumos pela rede pública, o Instituto também afirma suprir materiais essenciais, como insulinas e tiras de glicemia, garantindo continuidade do tratamento.

Conforme o presidente do conselho de administração do ICD-RS e ex-jogador do Inter e da Seleção Brasileira, Paulo Roberto Falcão, o evento deste domingo reafirma o engajamento comunitário em torno do tema. “A corrida foi espetacular, como sempre. É muito bonito ver tantas famílias reunidas em prol de um bem maior e ajudando. As crianças agradecem”, finaliza.

Esta provavelmente foi a última vez em que Corrida para Vencer o Diabetes ocorreu no Parcão. Para 2026, a tendência é que a atividade seja transferida para a Zona Sul da Capital.