As expectativas para o mercado nesta segunda-feira são de um sentimento otimista e de um provável alívio, após as negociações comerciais entre a China e os Estados Unidos em Kuala Lumpur terem resultado num “quadro substancial” para um acordo.

A China anunciou este domingo ter chegado a um “acordo preliminar” com os Estados Unidos da América nas negociações comerciais, após dois dias de conversações na capital da Malásia. As autoridades chinesas e norte-americanas concordaram provisoriamente em evitar as tarifas de 100%. Isto numa altura em que a mensagem da presidente da Comissão Europeia é que o bloco está a trabalhar para acabar com a sua dependência de elementos de terras raras da China.

As expectativas para o mercado nesta segunda-feira são de um sentimento otimista e de um provável alívio, após as negociações comerciais entre a China e os Estados Unidos em Kuala Lumpur terem resultado num “quadro substancial” para um acordo. Embora não seja um acordo final, o progresso alcançado deve tranquilizar os investidores, que estavam preocupados com a possibilidade de uma nova escalada na guerra comercial.

Um primeiro impacto é que a Bitcoin dispara após os EUA e a China acordarem questões comerciais importantes nas negociações.

A influenciar o comportamento das bolsas está ainda a época de resultados do terceiro trimestre de 2025. Em Portugal, por exemplo, o maior banco cotado, o BCP, apresenta as suas contas do terceiro trimestre.

Nos EUA o sentimento dos investidores na próxima semana, estará ligado aos relatórios previstos de empresas como UPS, Visa, Caterpillar, Boeing, Microsoft, Meta, Alphabet, Starbucks, Chipotle, Amazon, Apple, Coinbase, MicroStrategy, Roku e Colgate. Estes relatórios oferecerão atualizações críticas sobre tudo, desde os gastos dos consumidores até à inovação tecnológica e resiliência industrial.

A passada sexta-feira fechou com os índices de Wall Street em máximos com os investidores convencidos que os últimos dados da inflação deixam a porta aberta para um corte das taxas de juro na próxima reunião da Reserva Federal (Fed).

O índice de referência S&P 500 avançou 0,79%, para os 6.791,69 pontos, e o industrial Dow Jones ganhou 1,01%, para os 47.207,12 pontos – a primeira vez que ultrapassa os 47 mil pontos. O tecnológico Nasdaq também valorizou 1,15%, para os 23.204,87 pontos. No balanço semanal, os três índices fecharam no verde pela segunda semana consecutiva, com valorizações na ordem dos 2%.

Apesar da paralisação do governo dos EUA estar a entrar na quarta semana, os dados oficiais da inflação foram publicados – a primeira estatística desde 1 de outubro.

A inflação global nos EUA subiu 0,1 p.p. para 3,0% em termos homólogos em setembro (2,9% em agosto), enquanto a inflação subjacente, que exclui alimentos e energia, recuou 0,1 p.p. para 3,0% (3,1% em agosto).

Em termos mensais e ajustados sazonalmente, a inflação global registou um aumento de 0,3% e a inflação subjacente aumentou 0,2% (em agosto, 0,4% e 0,3%, respetivamente).

O governo dos EUA manteve-se encerrado pela quarta semana, deixando a maioria das agências federais temporariamente suspensas, incluindo o Bureau of Labor Statistics (BLS) – responsável pela publicação de dados macroeconómicos importantes, como o mercado de trabalho e os valores da inflação. No entanto, devido à importância do relatório do IPC, o BLS anunciou anteriormente que os dados seriam publicados esta semana.

O relatório do IPC é crucial para a Reserva Federal dos EUA (Fed), que deverá tomar a sua decisão sobre a taxa de juro esta semana.

Os mercados já precificaram quase totalmente um corte de 25 pontos base e ainda esperam outra mudança em dezembro, deixando a política monetária como um importante impulsionador para o ouro até ao final do mês.

Na última reunião da FOMC em setembro, a Reserva Federal dos EUA (Fed) reduziu as taxas em 25 pontosbase para uma meta de 4,00% a 4,25%, marcando a primeira redução do ano.

Deste lado do Atlântico, as principais praças europeias encerraram a derradeira sessão da semana em alta. Por sua vez, os juros da dívida soberana dos países da Zona Euro agravaram-se esta sexta-feira, numa sessão marcada pelos dados da atividade empresarial do bloco.

A bolsa portuguesa encerrou a sessão desta sexta-feira em alta ligeira, animadas pelos ganhos do BCP e das construtoras, que voltaram a destacar-se nas subidas. O índice de referência PSI subiu 0,19% para 8.369,58 pontos, com nove títulos em alta, seis em queda e a EDP Renováveis inalterada. Em destaque esteve a Mota-Engil que fechou a valorizar 2,13% para 6,005 euros.

Como nos contam os analistas da MTrader, “as bolsas europeias encerraram globalmente em alta esta sexta-feira. Os investidores estiveram a reagir a uma série de dados económicos na Zona Euro. A atividade empresarial europeia (num bloco de 20 países) atingiu máximos de maio de 2024, com a força da economia alemã a compensar a desaceleração registada em França. O índice de gestores de compras da Zona Euro (PMI) acelerou de 51,2 pontos em setembro para 52,2 pontos em outubro”. 

A indicação preliminar de que a atividade na indústria e serviços da Zona Euro terá tido um desempenho acima do previsto em outubro juntamente com a revelação de que a inflação core norte-americana terá descido surpreendentemente em setembro e que a atividade na maior economia mundial também acelerou de forma inesperada, ajudou ao sentimento dos investidores.

Na próxima semana, Quinta-feira, 30 de outubro, temos reunião do BCE sobre as taxas de juro.

O mercado europeu de taxas de juro está a prever apenas 15% de probabilidade de outro corte nas taxas do BCE antes do final do ano.

Na sua última reunião em setembro, o BCE manteve as taxas de juro inalteradas, incluindo a taxa de depósito nos 2%.

Noutros mercados, os preços do petróleo registaram o maior avanço semanal desde meados de junho, depois de escalarem à volta de 7% na semana, por conta das sanções impostas por Trump às petrolíferas russas.

Nessa frente as tensões estão complicadas e com o processo de paz novamente mais distante.

“No atual contexto, se a valorização do petróleo se intensificar e o preço regressar para a zona dos 65 e os 70 dólares (valores, na altura, atingidos durante o conflito no Médio Oriente), o impacto poderá ser sentido rapidamente nas bombas de combustível, nos custos de transporte e na produção industrial”, defende a XTB.

O barril do Brent com entrega para dezembro passou os 66 dólares.

“Este efeito em cadeia tende a reacender pressões inflacionistas, precisamente num momento em que os bancos centrais como a Reserva Federal dos Estados Unidos (Fed) e o Banco Central Europeu (BCE) querem “preocupar-se menos” com o cenário inflacionista e que o mesmo não complique o seu trabalho. Um petróleo mais caro, irá notoriamente, significar energia mais cara”, defende a XTB.

Outra commodity, o ouro está a corrigir. O CEO e gestor de ativos da DHF Capital, Bas Kooijman, destacou que o ouro recuou para menos de 4.100 dólares por onça na sexta-feira.

Apesar da correção, a perspetiva mantém-se positiva, com os investidores a posicionarem-se para novos cortes nas taxas de juro por parte da Reserva Federal.

Já o analista  Hans-Jörg Naumer, Diretor de Mercados Globais de Capitais e Análise Temática da Allianz Global Investors (AllianzGI), antevê que “os investidores vão ter uma semana agitada no mercado de capitais, com várias questões-chave a disputar a ribalta: “vão ser as reuniões de três dos principais bancos centrais, a época de resultados trimestrais em curso no meio de avaliações elevadas das ações, ou a divulgação de dados macroeconómicos a dominar?”

O euro volta a subir, mantendo-se no patamar dos 1,16 dólares.