É mais um ícone com motor de combustão interna que desaparece. Depois de quase uma década de sucesso e de emocionar os puristas da condução, o lendário Alpine A110 prepara-se para dizer adeus. A marca francesa iniciou a produção final do modelo que simbolizou o renascimento da Alpine e que, em 2026, dará lugar à nova geração elétrica baseada na plataforma APP.

O fim de uma era para o “McLaren francês”

Tudo o que é bom acaba, e chegou o momento de nos despedirmos de um dos desportivos mais autênticos da última década. O Alpine A110, símbolo de leveza, precisão e prazer de condução, deixará de ser produzido a meio de 2026, num mercado cada vez mais dominado pela eletrificação e pela perda dos automóveis “à antiga”.

A marca confirmou o início da produção das últimas 1.750 unidades do Alpine A110, o desportivo que marcou o renascimento da marca após anos de inatividade. Este modelo permitiu à Alpine posicionar-se como o emblema de prestígio dentro do Grupo Renault, situando-se acima da Renault e da Dacia em termos de performance e imagem.

O A110 mantém a estética inspirada no modelo original de 1962, um verdadeiro ícone do desporto automóvel, vencedor do primeiro Campeonato do Mundo de Ralis em 1973.

As últimas 50 unidades: Alpine A110 R 70

Destas 1.750 unidades finais, 50 serão os últimos Alpine A110 R 70 a sair da linha de produção. Trata-se da versão de maior desempenho, à exceção do ultrarraro Ultime, equipada com 300 cv, um chassis mais apurado e vários elementos em fibra de carbono, como o tejadilho, o capô e o aileron traseiro, reduzindo o peso ao mínimo.

No total, serão produzidas 770 unidades do A110 R 70, todas numeradas, sublinhando a exclusividade deste modelo, disponível a partir de 125.000 euros. Um verdadeiro tributo à filosofia de condução pura que sempre definiu a marca.

A despedida do A110 coincide com a retirada de outros desportivos de culto. A Porsche deixará de produzir o 718 Cayman devido às novas regras de cibersegurança, enquanto o Toyota GR86 e o Subaru BRZ também se despedem, com a esperança de um futuro regresso híbrido em colaboração com o Mazda MX-5.

O Alpine A110 representa o desportivo da velha escola por excelência: leve, ágil e direto, mais focado na experiência de condução do que na potência bruta.

Esta filosofia, herdada de Jean Rédélé, privilegiava a ligação homem-máquina e a pureza mecânica, valores cada vez mais raros na indústria automóvel.

Um verdadeiro desportivo da velha guarda

O atual A110 oferece 252 cv, uma potência modesta face às médias atuais, mas o segredo está na sua leveza, na afinação do chassis e na suspensão precisa, que criam uma conexão única entre condutor e máquina.

O A110 GTS, que substitui as versões GT e S, eleva a potência para 300 cv e adota o mesmo chassis dinâmico do A110 S.

O modelo base está disponível desde 73.700 euros, enquanto o GTS começa nos 90.000 euros. Existe ainda um kit aerodinâmico opcional inspirado no A110 R, ideal para quem procura desempenho em pista.

O nosso adeus ao filho ilustre de Dieppe

O nosso adeus foi de pendura, pelo icónico circuito belga de Spa-Francorchamps. O piloto? Nada mais, nada menos que Mick Schumacher, o filho do nome maior da F1, Michael Schumacher.

Sim, temos vídeo da prestação do carro nas mãos do piloto:

 

O adeus definitivo e o futuro elétrico

Tal como o conhecemos, este é o adeus definitivo ao Alpine A110. Contudo, o nome Alpine continuará vivo nas competições, tanto em circuitos como em ralis.

Mas o futuro já tem nome: o Alpine A110 elétrico. O novo modelo será apresentado em 2026, ligeiramente maior e com um peso previsto de 1.450 kg, estreando a nova plataforma APP, desenvolvida para desportivos de altas prestações.

Com este lançamento, a Alpine completará o seu trio de sonho: o A290, que terá também uma versão de ralis (A290 Rallye), e o A390, abrindo uma nova era de mobilidade elétrica sem abdicar da alma desportiva que sempre definiu a marca francesa.

O Alpine A110 despede-se como viveu: fiel à essência da condução pura. Um símbolo da engenharia leve e do prazer mecânico, agora prestes a renascer em forma elétrica, mas com o mesmo espírito de paixão e precisão que o tornou eterno.