O HP EliteBook X Flip G1i Flip pode ser visto como a versão convertível do HP EliteBook Ultra G1i, que já testámos. Convertível porque, tratando-se de um “Flip”, o ecrã, táctil, pode rodar 360 graus transformado esta máquina num tablet. Mas há outras diferenças para a máquina mencionada. Diferenças que, à primeira vista, podem parecer pequenas, mas que se revelam importantes no dia-a-dia.

Um dos detalhes que nos chamou imediatamente à atenção foi a disposição do teclado, tradicional e mais adequada à realidade portuguesa, com o botão Enter generoso (em L invertido) e com as teclas dos acentos no “sítio certo”. Isto porque, infelizmente, como acontece com versão não convertível do EliteBook mencionada, é cada vez mais comum os teclados apresentarem o Enter em formato barra com a tecla dos acentos til/circunflexo por cima. É verdade que, em larga medida, “trata-se de uma questão de hábito”, mas para quem tem de teclar muito e alternar entre diferentes teclados, a disposição tradicional acaba por ser relevante.

Ainda no que diz respeito à ergonomia do teclado, gostámos das teclas, estilo chiclete, generosas, mas preferíamos um curso um pouco mais longo e amortecido. O teclado pareceu-nos um pouco “seco”, o que pode aumentar a fadiga para quem, lá está, tecla várias horas consecutivas diariamente.

Podemos dizer algo semelhante relativamente ao touchpad: é generoso e preciso, mas o clicar mecânico (botão direito) exige alguma pressão. Este portátil merecia um touchpad háptico.

Ecrã multifuncional

O ecrã sobressai, primeiro, pelas cores saturadas e elevado contraste, que permite negros verdadeiramente negros. Consequência da tecnologia do painel OLED (cada pixel é criado directamente pela fonte de luz). O que também garante uma imagem uniforme em todo o ecrã. O reverso da medalha aparece sob a forma de reflexos, que resultam em maior fadiga visual quando trabalhamos com o portátil no exterior ou com uma fonte de luz por perto, seja um candeeiro ou uma janela. Sabemos bem que este é um problema habitual nos OLED, mas já vimos implementações desta tecnologia mais “resistentes” aos reflexos.




O modo tablet e o estilete adicionam funcionalidade prática a esta máquina
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Tratando-se de um “Flip”, o ecrã roda até 360 graus. O que significa que esta portátil também pode funcionar como tablet. Aliás, quando rodámos o ecrã, a interface do Windows 11 muda para a variante táctil e o teclado é desactivado para evitar entradas acidentais — até porque, no modo tablet, o teclado passa a ser a base da máquina. A experiência de utilização neste modo está longe da usabilidade conseguida pelos sistemas operativos iPadOS (iPad) ou Android, criados de raiz para serem utilizados sem teclado e rato, mas tem vindo a melhorar.

Mais importante, o modo táctil torna-se prático em várias situações. Por exemplo, para navegar na web, fazer um desenho ou tomar notas. Neste aspecto, o estilete fornecido é uma clara mais-valia. Quantas vezes, por exemplo, já precisou de assinar um documento digital e sentiu a falta da precisão de uma caneta? Ou de tomar notas manuscritas? Ou fazer um esboço para um projecto pessoal ou profissional? É este tipo de operações que ganham muito com o estilete. Até porque a precisão e velocidade de resposta é elevada. Não podemos dizer que é o mesmo que usar uma caneta e papel, mas fica lá próximo. E com a vantagem da digitalização imediata. Até podemos tomar notas manuscritas que são convertidas em texto digital. E nem precisamos de ter especial cuidado com o desenho da letra, já que o sistema demonstrou uma boa capacidade de lidar com as notas do autor desta análise, cuja letra está longe de poder ser considerada bonita.




Os reflexos no ecrã são uma constante quando trabalhamos próximos de uma fonte de luz forte. A aplicação da câmara inclui funcionalidades inteligentes, com destaque para o holofote virtual e o zoom e enquadramento automáticos
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IA pronta para ajudar

A tecla “Copilot” presente no teclado é relevadora de este ser um sistema “Copilot PC”, o que significa que está equipado com processador neural, específico para acelerar algoritmos de IA, e disponibiliza o conjunto de ferramentas inteligentes do Windows para este tipo de máquinas.

Ferramentas que têm evoluído e vão muito além do chatbot Copilot — para quem não conhece, um género de ChatGPT integrado no sistema operativo. Umas das funcionalidades que consideramos mais práticas é o “Clique para fazer”. Ainda em estado beta, esta ferramenta é capaz de analisar tudo o que está no ecrã para sugerir operações inteligentes e contextualizadas. Por exemplo, se estivermos a ver uma foto com texto, o “Clique para fazer” deixa-nos seleccionar o texto, tornando-o editável. Ou, se seleccionarmos um texto, podemos pedir para fazer um resumo ou até para ser reescrito ou traduzido.

Mas o “CopilotPC” não é a única aplicação de IA integrada nesta máquina. Mais diferenciador é o pacote AI Companion da própria HP. Já o explicámos com algum detalhe na análise do HP EliteBook Ultra G1i, pelo que não vale a pena repetir a mesma informação. Mas a ferramenta que mais me impressionou e continua a impressionar é a “Biblioteca”, que nos permite adicionar conteúdo, como pastas com documentos de trabalho, que são indexadas e passam a funcionar como uma base de dados fechada e controlada para um género de LLM (grande modelo de linguagem) privado. Podemos fazer perguntas ao estilo do ChatGPT, como, se os documentos incluírem os artigos que já fiz, “O que é já escrevi sobre a HP?” ou, se incluir uma pasta com as minhas despesas, “Quanto é que gastei em compras este mês?”. Ainda está em fase beta e precisa de algumas afinações, mas é um bom exemplo de como a IA pode, de facto, ajudar-nos no dia-a-dia.




Para um portátil fino, o número e variedade de portas de comunicações é assinalável.
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Autonomia para dois dias

As quase 18 horas no teste de bateria do PCMark demonstram que é possível usar este portátil durante dois dias de trabalho sem o ligar à tomada. Naturalmente, em tarefas mais exigentes, a autonomia baixa. Mas dificilmente será menor que um dia de trabalho. Uma mais-valia importante, sobretudo para um ultra-portátil, um tipo de máquina criada para acompanhar o utilizador para todo o lado. O conjunto CPU/GPU (processador central/processador gráfico) está longe de ser dos mais poderosos, mas é adequado a uma máquina dedicada à produtividade. E têm “cavalos” mais do que suficientes para tarefas mais criativas, quando necessário, sem bem que numa perspectiva secundária, não de uma utilização intensiva. Não é, claro, uma máquina para jogos.

Quanto à conectividade, gostámos de ver uma porta USB tipo A (das “velinhas”), para facilitar a ligação de dispositivos menos modernos, e uma porta HDMI de tamanho integral, que facilita a ligação a ecrãs e projectores externos, importante para que faz apresentações com frequência. E, claro, as três portas USB-C de alto débito dão garantias de ligação a periféricos e acessórios de última geração. Incluindo monitores.

O sistema de som está bem conseguido, sobretudo, uma vez mais, do ponto de vista da produtividade. Com a assinatura Polly Studio, marca pertencente à HP, os microfones incluem a capacidade de suprimir, de modo eficiente, ruído ambiente. O que faz toda a diferença na qualidade de uma reunião à distância, quando o utilizador está num ambiente ruidoso. A câmara, através da aplicação Poly Camara Pro, tem funcionalidades como desfoque do fundo, fundo virtual, holofote (iluminação do rosto do utilizador) e zoom e reenquadramento automático (mantêm o utilizador centrado na imagem, mesmo quando se move). Por serem funcionalidades integradas na câmara, não dependem de aplicações de terceiros. Isto significa que, por exemplo, se activarmos o holofote virtual para iluminar o rosto, este efeito será visível no Teams ou noutra aplicação que usemos.

Ainda no que diz respeito a características diferenciadores, devemos ainda destacar o Wolf Security. Não é, apenas, um antivírus, mas sim uma solução integral, que até protege o firmware — o sistema básico do computador —, bem como as credenciais de acesso do utilizador. Esta protecção, com oferta de licença para um ano, tem ainda mais valor para pequenas empresas ou profissionais liberais que não têm acesso a um plano de cibersegurança.

 

Tipo

Ultraportátil

Ecrã

14”, táctil, 1920×1200 píxeis, OLED

Sistema operativo

Windows 11 Pro

Processador

Intel Core Ultra 7 268V

Processamento gráfico

Intel Arc 140V

Memória e armazenamento

32 GB DDR5-8533, SSD de 1 TB

Dimensões e peso

314x220x11-15mm, 1,4kg

Conectividade

2x USB-C Thunderbolt 4 (40 Gbps), 1x USB-C 10 Gbps, 1x USB-A, HDMI, áudio, Wi-Fi 7, Bluetooth 5.4

Preço

2599€

Testes

PCMark

Geral: 7239 (muito bom)

Produtividade: 8474 (bom)

Criatividade: 9942 (satisfatório)

Jogos: 7499 (fraco)

Autonomia: 17h51 (muito bom)

 

Veredicto

Usei o EliteBook X Flip G1i Flip como computador de trabalho durante cerca de duas semanas, que incluíram algumas viagens dentro e fora do país. Apesar de algumas irritações, com destaque para o “peso” do touchpad e os reflexos do ecrã, a experiência global foi satisfatória. A autonomia real chega ao nível de podermos deixar o carregador em casa; é pequeno o suficiente para ser usado nos aviões, mesmo na classe económica; as funcionalidades de inteligência artificial têm aplicação prática real; preferi usar esta máquina, muito graças ao brilhantismo do ecrã OLED, a televisores de hotéis para ver alguns episódios de séries via streaming; não senti falta de conectividade (menos adaptadores para transportar); usei o estilete várias vezes para assinar documentos em PDF e fazer alguns esboços; e as videochamadas, mesmo com fracas condições ambientais, revelaram qualidade. É, sem dúvida, um bom ultra-portátil profissional, com características diferenciadoras, para quem procura uma máquina bem construída, segura e funcional. Por outro lado, o preço é um pouco exagerado, o que penaliza a nossa nota.