O relato das forças ucranianas é diferente do que o chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas da Rússia, Valery Gerasimov, fez ao presidente Vladimir Putin

Está cada vez mais difícil para a Ucrânia a luta pela manutenção do controlo de Pokrovsk.

Este domingo, o Estado-Maior General da Ucrânia admitiu que 200 militares russos entraram na cidade que é um importante centro logístico de apoio às forças de Kiev.

“O inimigo, utilizando o espaço entre posições e infiltrando pequenos grupos de infantaria, acumulou cerca de 200 militares na cidade”, disse o Estado-Maior no Facebook.

A mesma fonte garante, no entanto, que “as tentativas do inimigo de avançar para o interior e consolidar-se na área urbana são interrompidas por medidas de contra-sabotagem”.

O relato das forças ucranianas é diferente do que o chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas da Rússia, Valery Gerasimov, fez ao presidente Vladimir Putin.

Este domingo, os dois estiveram reunidos num encontro em Putin utilizou um uniforme militar, apenas a terceira vez que o faz desde o início da invasão, garante o Instituto para o Estudo da Guerra (ISW). Gerasimov disse que ao líder do Kremlin que as tropas russas “cercaram” os 5500 soldados ucranianos em Pokrovsk, bem como “bloquearam” a progressão de 31 batalhões ucranianos perto de Pokrovsk e Myrnohrad.

O relato da linha da frente dado por Gerasimov foi descartado por várias fontes, incluindo por bloggers militares russos. Um deles afirmou que a situação em Pokrovsk está “100% caótica” e assinalou que, em muitas ocasiões, há combatentes ucranianos que permanecem nas cidades que a Rússia diz ter conquistado até muito depois do anúncio.

Outro blogger militar russo disse, por sua vez, que “não há qualquer cerco” às forças ucranianas, e sugeriu que Gerasimov está a adiantar a informação na esperança de que a conquista se materialize dentro de pouco tempo.

“Talvez este briefing tenha objetivos geopolíticos, como aconteceu anteriormente com as declarações sobre o cerco das Forças Armadas da Ucrânia na região de Kursk, que levou Trump a pedir que fossem poupados os cercados e também lhe deu a impressão, durante muitos meses, de que a Ucrânia enfrentava sérios problemas na linha de frente”, escreveu este blogger no Telegram.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, admitiu que a situação na linha da frente em Pokrovsk é “difícil”.

“Cada sucesso na direção de Pokrovsk agora é incrivelmente difícil de alcançar, mas extremamente importante. É lá, perto de Pokrovsk, que os russos concentraram a sua principal força de ataque – um número significativo de tropas inimigas. É claro que isso cria uma situação difícil em Pokrovsk e em todas as áreas próximas – batalhas ferozes na cidade e nos seus arredores”, disse Zelensky no seu briefing de domingo.

A cidade de Pokrovsk é um importante nó logístico para as forças ucranianas. É lá que se cruzam várias estradas e caminhos de ferro vitais para o esforço de guerra de Kiev. Pokrovsk é também muito importante para a Rússia pois está a 20 quilómetros da fronteira de Donetsk, linha a que Moscovo tem tentado chegar desde 2014.

Na frente diplomática, os dois lados parecem mais próximos de um entendimento. Na sexta-feira, o enviado de Vladimir Putin para o investimento e cooperação económica, Kirill Dmitriev, viajou até aos EUA e disse que Rússia e Ucrânia podem estar perto de uma “solução diplomática”.

“Acredito que a Rússia, os EUA e a Ucrânia estão, na verdade, muito próximos de uma solução diplomática. É um grande progresso do presidente Zelensky já reconhecer que se trata de linhas de batalha”, disse Dmitriev ao programa “The Lead with Jake Tapper”, da CNN Internacional.

“Sabe, a posição anterior dele era que a Rússia deveria sair completamente, então, na verdade, acho que estamos razoavelmente perto de uma solução diplomática que pode ser alcançada”, acrescentou.