Um T2 em Benfica, com 65 metros quadrados, custa hoje 345 mil euros. O prédio é de 1979, sem garagem, mas com elevador e vista para Monsanto. “É um imóvel muito procurado, até pela falta de oferta”, explica Teresa Trêpo, consultora imobiliária. “Com as medidas de isenção de impostos e a garantia pública, a procura aumentou muito — e a oferta manteve-se igual. Isso fez os preços dispararem.” A casa tem dois quartos, uma casa de banho e uma cozinha partilhada com a sala.

A consultora confirma a nova tendência do mercado: “tenho muitos clientes jovens e estrangeiros que vivem cá há pouco tempo e tentam aproveitar as medidas, mas com salários baixos e pouca capacidade bancária. As casas que procuram, de 120 ou 150 mil euros, simplesmente já não existem em Lisboa.”

Na capital, um orçamento de 200 mil euros é hoje visto como irrealista. Comprar casa exige rendimentos elevados e margem financeira confortável. O cenário não muda muito a norte, mas a Antena 1 encontrou um T2 um pouco maior e a menos 100 mil euros do que a que visitámos em Lisboa.

No Porto, a visita é a um T2 na Senhora da Hora, concelho de Matosinhos. Sete andares acima do chão, o apartamento de 80 metros quadrados — renovado, com varanda e vista a nascente e poente — está à venda por 242 mil euros. “Estamos a dez minutos de tudo: da praia, do aeroporto e do centro do Porto”, diz Pedro Madureira, agente imobiliário.

Mesmo assim, a ausência de garagem e a pressão do mercado fazem prever novas subidas. “Com a construção que está a decorrer, falamos de futuros valores a rondar os 370 ou 400 mil euros”, explica. Na cidade do Porto, o preço médio de um T2 semelhante já ultrapassa 420 mil euros e os imóveis de luxo, no centro, podem chegar aos 700 mil.

Mais para o interior, o contraste já não é sinónimo de alívio. Em Viseu, os preços também “assustam”. Nos últimos dois anos, a valorização tem sido vertiginosa. “Um apartamento que há dois anos se arrendava por 400 euros hoje está a 700. Um que se vendia por 120 mil agora custa 240 ou 260 mil”, conta um agente imobiliário.

O aumento médio, em Viseu, ronda entre os 5 e os 8% por mês, o que equivale a cerca de 60% num ano. E a corrida não abranda: “Temos arrendamentos que nem chegam a entrar no site. Uma casa a arrendar por 2 mil e 300 euros por mês sai em 48 horas”, diz o consultor.