Pesquisadores americanos e dinamarqueses anunciaram nesta quinta-feira (24), na revista científica Science, o desenvolvimento de uma plataforma de inteligência artificial capaz de criar proteínas personalizadas para combater o câncer. A tecnologia “ensina” as células de defesa do organismo a reconhecer e atacar tumores malignos, como mísseis teleguiados, prometendo acelerar drasticamente o processo de criação de novos tratamentos, de anos para apenas algumas semanas. O sistema foi projetado para criar terapias direcionadas que atacam apenas células cancerosas, preservando os tecidos saudáveis.
- A plataforma de inteligência artificial consegue criar “chaves moleculares” personalizadas, chamadas de minibinders, que funcionam como “mísseis” para direcionar as células de defesa do corpo até as células cancerosas. Essas chaves se conectam a moléculas específicas (chamadas pMHC) presentes nos tumores, permitindo que o sistema imunológico os identifique como invasores. O processo todo, desde o projeto até a criação de uma nova molécula de tratamento, leva apenas de quatro a seis semanas.
- Diferentemente dos métodos atuais, que tentam encontrar receptores de células de defesa já existentes no paciente, esta plataforma projeta proteínas totalmente novas. Isso resolve um grande problema da medicina personalizada: como cada pessoa tem receptores de células imunes diferentes, é difícil criar tratamentos que funcionem para todos. A inteligência artificial contorna essa dificuldade criando novos “sistemas de reconhecimento” para o sistema imunológico.
- A eficácia da plataforma foi comprovada em experimentos laboratoriais. Os pesquisadores projetaram um minibinder para atacar uma proteína específica do câncer chamada NY-ESO-1, criando células modificadas denominadas ‘IMPAC-T’ que conseguiram eliminar células cancerosas com sucesso. A metodologia também foi testada com êxito em um caso real de paciente com melanoma metastático (câncer de pele que se espalhou pelo corpo).
- Um dos avanços mais importantes foi o desenvolvimento de uma “verificação de segurança virtual” usando inteligência artificial. Esse sistema analisa os minibinders criados e os compara com moléculas presentes em células saudáveis, prevendo e eliminando possíveis reações perigosas ainda na fase de planejamento. Isso torna o tratamento mais seguro e preciso, reduzindo o risco de a terapia atacar tecidos normais por engano.
- Os pesquisadores estimam que o método estará pronto para os primeiros testes em seres humanos em até cinco anos. O processo de tratamento funcionará de forma similar: células de defesa do próprio paciente serão coletadas e modificadas em laboratório com os minibinders criados pela inteligência artificial. Essas células modificadas serão depois reinfundidas no paciente, atuando como “mísseis direcionados” para eliminar células cancerosas no corpo. A abordagem é semelhante às terapias CAR-T (tratamento inovador contra o câncer que utiliza as próprias células de defesa do paciente, os linfócitos T, para combater o tumor) já existentes, mas com maior precisão e velocidade de desenvolvimento.
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