Embora a existência de vida fora da Terra permaneça uma hipótese não confirmada, astrônomos têm encontrado exoplanetas que podem apresentar condições adequadas para abrigar vida. O exoplaneta GJ 251 c é um dos mais recentes alvos de interesse. Situado a aproximadamente 18 anos-luz de distância, na constelação de Gêmeos, este planeta orbita a estrela anã vermelha Gliese 251 e é classificado como uma “Super-Terra“. Um estudo publicado em 23 de outubro na revista científica The Astronomical Journal revela que, com base em duas décadas de observações, este planeta possui quase quatro vezes a massa da Terra e é rochoso.

A detecção de planetas com água e potencial para abrigar vida exige o uso de telescópios avançados e modelos computacionais sofisticados. No caso do GJ 251 c, os pesquisadores concentraram-se inicialmente na zona habitável, frequentemente referida como “Zona Cachinhos Dourados”, ao redor da sua estrela anfitriã.

Suvrath Mahadevan, professor da Universidade Estadual da Pensilvânia e autor do estudo, declarou que a localização do exoplaneta na zona habitável é crucial: “a distância certa de sua estrela para que a água líquida possa existir em sua superfície – se ele tiver a atmosfera adequada.” Essa faixa de temperatura deve ser suficientemente moderada, nem quente demais nem fria demais.

De acordo com informações do portal Galileu, a busca pelo exoplaneta foi baseada em dados coletados pelo Habitable-Zone Planet Finder (HPF), um espectrógrafo de alta precisão dedicado à análise de ondas no infravermelho próximo. O HPF tem como objetivo identificar planetas semelhantes à Terra localizados em zonas habitáveis nas proximidades do nosso sistema solar.

Localizado no Observatório McDonald, no Texas, o HPF forneceu informações sobre variações no padrão de luz emitido pela estrela hospedeira, influenciado pela gravidade dos planetas que a orbitam. Através da combinação de observações prévias do GJ 251 b — que completa uma órbita a cada 14 dias — com novos dados, os cientistas identificaram um sinal mais pronunciado associado a um corpo celeste que completa uma órbita a cada 54 dias.

Este sinal indicava um planeta significativamente mais massivo, cuja presença foi posteriormente confirmada por meio do espectrômetro NEID, localizado no Observatório Nacional de Kitt Peak, no Arizona.

“Este é um jogo difícil – tentar suprimir a atividade estelar e, ao mesmo tempo, medir seus sinais sutis, extraindo indícios leves de algo que é, essencialmente, um caldeirão magnetosférico em ebulição na superfície de uma estrela”, explicou Mahadevan.

Os desafios na identificação desses mundos distantes são ampliados por fatores relacionados à estrela anfitriã, como manchas solares, que podem mimetizar sinais periódicos associados ao movimento planetário, criando uma falsa impressão de presença planetária. Técnicas avançadas de modelagem computacional são empregadas para garantir a correta identificação de cada tipo de sinal.

Embora GJ 251 c ainda não possa ser observado diretamente com os instrumentos atuais, Mahadevan e sua equipe estão se preparando para os telescópios da próxima geração, com diâmetros de até 30 metros. Estes projetos exigem investimento e colaboração internacional.


Giovanna Gomes

Giovanna Gomes é jornalista e estudante de História pela USP. Gosta de escrever sobre arte, arqueologia e tudo que diz repeito à cultura e à história do ser humano.