Uma variação genética na função dos glóbulos vermelhos pode ter sido responsável por acelerar a extinção dos neandertais, conforme revela um novo estudo.

A nova pesquisa sugere essa hipótese com base nas diferenças genéticas entre as duas espécies, conforme repercutido pela revista Live Science. 

A informação foi publicada no banco de dados de pré-impressão bioRxiv em 29 de setembro, mas ainda não passou por revisão por pares.

Encontro entre espécies

O encontro entre os neandertais e os primeiros humanos modernos ocorreu na Eurásia há cerca de 45 mil anos.

A Eurásia é a grande massa continental que reúne Europa e Ásia. Ali, grupos de humanos modernos que migraram da África chegaram e passaram a conviver com os neandertais.

Gene que os diferenciava

Os pesquisadores analisaram o PIEZO1, um gene ligado à função dos glóbulos vermelhos, presente tanto em neandertais quanto em humanos modernos (Homo sapiens).

No entanto, as duas espécies apresentavam versões diferentes do gene — uma distinção que pode ter causado problemas na evolução de bebês híbridos entre neandertais e humanos modernos.

Diferenças genéticas

O estudo indica que existiam diferenças funcionais entre as duas variantes genéticas. Na versão neandertal, a hemoglobina se agarrava mais firmemente ao oxigênio, o que ajudava na sobrevivência em ambientes de frio extremo e escassez. Já na variante dos humanos modernos, o oxigênio era transmitido com mais eficiência aos tecidos.

Em mães híbridas (neandertais-humanas), o sangue com altas quantidades de oxigênio ligado à hemoglobina resultava em baixo nível de oxigênio transferido ao feto pela placenta, o que podia causar hipóxia, restrição de crescimento fetal ou aborto espontâneo.

Essa incompatibilidade genética surgia especialmente quando uma mãe híbrida se reproduzia com um pai humano moderno ou outro híbrido.

Impactos e consequências

Esse fenômeno pode ter condenado muitos bebês híbridos, dificultando a continuidade da linhagem neandertal.

Eles trocaram genes — e também podem ter transmitido riscos reprodutivos ocultos que moldaram o destino de ambas as linhagens”, afirmou Patric Eppenberger, co-chefe do Grupo de Estudos de Fisiopatologia e um dos autores do trabalho.

Segundo os autores, embora cerca de 1% a 2% do DNA de humanos modernos não africanos seja herdado dos neandertais, muitas dessas variantes foram eliminadas ao longo do tempo. A ausência de traços neandertais em regiões ligadas à fertilidade e ao cromossomo X reforça a hipótese de que incompatibilidades genéticas possam ter desempenhado um papel crucial na extinção dos antigos hominídeos.