Entre quinta-feira (30/10) e 6 de novembro, há chances de um encontro raro entre a nave Europa Clipper, da Agência Espacial Norte-Americana (Nasa), e partículas da cauda do cometa 3I/Atlas, um objeto interestelar, isto é, originário de fora do Sistema Solar.

O cometa foi detectado em 1º de julho pelo sistema ATLAS (Asteroid Terrestrial-impact Last Alert System) no Chile, e seu percurso hiperbólico confirmou que ele veio de fora do nosso Sistema Solar. Segundo a NASA, ele se aproximará do Sol por volta de 30 de outubro de 2025.

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Observações feitas pelo telescópio espacial James Webb e outros instrumentos revelaram que sua coma (a “nuvem” de gás e poeira ao redor) é dominada por dióxido de carbono em proporção incomum em cometas conhecidos. A agência europeia ESA também acompanha o objeto e mobilizou esforços de observação.

O encontro previsto: cauda iônica e nave espacial

Um estudo conduzido por pesquisadores europeus, liderado por Samuel Grant (Instituto Meteorológico da Finlândia) e Geraint Jones (ESA), aponta que a sonda Europa Clipper poderá atravessar a cauda iônica, ou um fluxo de partículas carregadas, do 3I/Atlas num alinhamento entre Sol, cometa e nave.

Para isso, foi usado um programa de modelagem denominado “Talicatcher”, que simula o movimento das partículas sob o efeito do vento solar. Conforme o estudo, esse alinhamento deve ocorrer entre 30 de outubro e 6 de novembro.

Embora o risco de dano direto à nave seja considerado muito baixo, trata-se de uma oportunidade científica inédita: captar partículas originárias de um cometa que veio de outro sistema estelar. “Praticamente não temos dados sobre o interior de cometas interestelares e os sistemas estelares que os formaram. Amostrar a cauda dessa forma é o mais próximo que podemos chegar de uma amostra direta desse tipo de objeto”, disse um dos pesquisadores. 

Por que isso importa

Cometas interestelares como o 3I/Atlas são uma espécie de cápsula do tempo, guardando material que se formou possivelmente em outras estrelas. Estudar a composição revelaria, então, pistas sobre a formação de sistemas planetários além do nosso. A promessa de “imersão” da Europa Clipper na cauda do cometa poderia permitir medições de partículas e plasma, oferecendo dados muito mais diretos do que os telescópios terrestres ou orbitais podem prover. 

 

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Amanda S. Feitoza

Jornalista formada pela UnB, com passagens pela Secretaria de Segurança Pública do DF, pelo Instituto Federal de Brasília (IFB) e pela Máquina CW. Entusiasta nas áreas de cultura, educação e redes sociais, integra a equipe do CB-Online.