Esta sexta-feira, 1 de Agosto, o ministro da Educação, Ciência e Inovação, Fernando Alexandre, garantiu, em entrevista à CNN Portugal, que a extinção da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) não significa um desinvestimento do Governo na ciência.

“Como já fizemos em 2024, em que tivemos o maior investimento de sempre em ciência em Portugal, reforçamos em 2025 e vamos reforçar em 2026”.

Mas será que o investimento em ciência no ano de 2024 foi mesmo o maior de sempre?

De acordo com os dados provisórios do Inquérito ao Potencial Científico e Tecnológico Nacional (IPCTN), em 2024 a despesa em I&D atingiu 4.982 milhões de euros, o que representa 1,75% do Produto Interno Bruto (PIB) português.

Do valor total de despesa, 3.124 milhões (62,7%) são relativos a empresas e 1.472 milhões aa instituições do Ensino Superior (29,5%). O Estado é responsável por 253 milhões (5,1%) e as instituições privadas em fins lucrativos por 132 milhões (2,6%).

Em termos nominais, o valor da despesa do Estado em I&D nunca foi tão alta. Em proporção do PIB, enquanto em 2024 o valor da despesa do Estado ficou pelos 0,09% do PIB, anos como 2008, 2009, 2010 e 2011, o valor superou os 0,10%.

Desde 1982, quando o inquérito foi publicado pela primeira vez, a despesa nunca foi tão alta. Entre 1982 e o ano de 2007, período durante o qual o documento era publicado de dois em dois anos, a despesa em I&D mais elevada registou-se em 2007 – cerca de 1.920,5 milhões de euros (1,18% do PIB).

De 2008 para cá, o valor da despesa também nunca foi tão elevada como em 2024, nem em termos absolutos, nem em proporção ao PIB. Os valores de 1982 a 2007, podem ser consultados aqui; de 2008 a 2013, aqui; o de 2014 aqui, e os mais recentes aqui.

Importa referir, no entanto, que de acordo com o Eurostat, o gabinete estatístico da União Europeia, Portugal tem o quinto valor de dotação governamental em I&D per capita mais baixo. Com um valor de 78,70 euros por pessoa – o mais elevado desde 2014 -, Portugal fica apenas à frente de Malta (73,90 euros), Hungria (58,70 euros), Bulgária (38,30 euros) e Roménia (19,10 euros). 

É, portanto, verdade que, tal como afirmou Fernando Alexandre, em 2024 se verificou o maior investimento em ciência de sempre em Portugal. No entanto, as empresas são responsáveis por mais de metade da despesa registada. E em termos europeus, Portugal continua a ser dos países com mais baixas dotações governamentais em I&D por habitante, segundo o Eurostat.

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