O chamado “roubo do século” — o assalto ao Museu do Louvre, o mais movimentado do mundo, que resultou na perda de oito joias históricas no valor de 88 milhões de euros — continua a dar que falar. Enquanto decorrem as investigações sobre os culpados, uma série de publicações nas redes sociais começou a garantir que a polícia teria “descoberto” — assim, entre aspas, insinuando que seria uma prova falsa e plantada — um passaporte russo nas proximidades do museu, “muito próximo local do incidente”.

Para os autores destas publicações, a conclusão é que as autoridades francesas estariam a tentar culpar a Rússia pelo sucedido. Nesta em particular, até se ironiza dizendo que deverá haver outros símbolos característicos do país perto do local do roubo, incluindo uma boneca matrioska ou uma garrafa de vodka.

Mas isto não é verdade. Desde logo, as páginas que estão a transmitir estas informações falsas mostram sempre uma inclinação pró-Rússia e incluem comentários (por exemplo, no grupo do Facebook “Geopolítica – Global”) onde se sugere que a Rússia intensifique os ataques contra a Ucrânia ou se ataca duramente o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.

Já entre órgãos de informação credíveis não surge qualquer informação sobre um passaporte russo, nem de resto qualquer passaporte encontrado no local.

As pistas que começam a surgir apontam, aliás, em sentido diferente. Este domingo, a imprensa francesa noticiou que dois suspeitos foram interrogados e detidos pela polícia parisiense. E ambos são franceses — vêm da zona de Seine-Saint-Denis, perto de Paris, e estarão na casa dos 30 anos —, sendo que um se preparava para voar para a Argélia. Ou seja, até ver, e dentro do que se sabe do grupo de quatro suspeitos, nada indica que um deles seja russo.

Até agora, o que as autoridades (e, neste caso, o Ministério da Cultura francês) confirmaram foi que os assaltantes levaram uma tiara, um colar de safiras e um par de brincos safiras de um conjunto que pertencia às rainhas Maria Amélia e Hortênsia. Roubaram ainda um conjunto de colar e par de brincos de esmeraldas de Maria Luísa e uma outra peça conhecida como “broche relicário”, uma tiara da Imperatriz Eugénia e ainda um grande laço de corpete (broche) da mesma imperatriz.

E confirmaram que uma das peças, a coroa da imperatriz Eugénia, mulher de Napoleão III, foi deixada para trás durante a fuga dos assaltantes. Além disso, os assaltantes deixaram cair umas luvas, um walkie talkie, gasolina e um casaco. E a polícia acabou por encontrar vestígios de ADN que terão permitido a identificação de um dos suspeitos no local do roubo.

Apesar de toda essa informação revelada sobre o que os assaltantes deixaram para trás, não foi feita até ver qualquer referência a um passaporte russo.

Conclusão

As autoridades francesas não referiram nenhum passaporte russo, tendo revelado que encontraram outros objetos, como um casaco e umas luvas que pertenceriam aos assaltantes, além da coroa roubada que deixaram cair.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é:

FALSO: As principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.


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