Novo míssil russo é movido por um reator nuclear que permite que voe mais de 15 horas e de forma praticamente indetectável
A Rússia anunciou que foi bem-sucedido o teste do míssil de cruzeiro Burevestnik, uma nova geração de armamento com propulsão nuclear e alcance praticamente ilimitado. O míssil, apresentado por Vladimir Putin como uma “arma única que nenhum outro país do mundo possui”, percorreu 14 mil quilómetros em 15 horas de voo no seu teste, segundo o chefe do Estado-Maior russo, general Valery Gerasimov, que destacou que “esse não é o limite” do novo míssil russo.
O Burevestnik distingue-se por voar entre 20 e 100 metros de altitude, tornando-se praticamente indetectável pelos sistemas de defesa aérea – e por ser capaz de o fazer durante horas graças à sua propulsão nuclear.
“Este sistema tem uma particularidade: voa entre 20 a 100 metros do solo, transporta uma ogiva nuclear e é movido por um reator nuclear que lhe permite estar em circuito durante horas”, explica o major-general Agostinho Costa à CNN Portugal, sublinhando que o míssil pode ser lançado “a partir do Ártico e atacar qualquer capital europeia ou americana à discrição”.
De acordo com o Ministério da Defesa russo, o míssil tem dimensões semelhantes ao Kh-101, mas o seu reator nuclear confere-lhe uma autonomia sem precedentes. Pode ser lançado a partir de uma plataforma inclinada, usando um foguete de propulsão amovível, e manter-se em voo por tempo quase indefinido.
O Pentágono reconheceu que o Burevestnik é capaz de lançar ataques “a partir de praticamente qualquer porta-aviões”, dada a sua autonomia e capacidade de manobra.
No entanto, há quem duvide do seu valor estratégico: o tenente-general Rafael Martins, em declarações à CNN Portugal, considera que o míssil “não acrescenta muito ao que a Rússia já tem” e que “não interessa dar duas voltas ao mundo para depois acertar num determinado lugar”.
De acordo com fontes russas, o míssil mede cerca de 12 metros no lançamento e 9 metros em voo, com um nariz elíptico. “As características técnicas do míssil Burevestnik permitem a sua utilização com precisão garantida contra alvos altamente protegidos, independentemente da distância”, declarou Gerasimov, citado pelo Moscow Times.