Uma série de ataques dos Estados Unidos contra embarcações suspeitas de tráfico de droga no Pacífico Oriental matou 14 alegados traficantes de droga e deixou um sobrevivente, disse esta terça-feira o secretário da Defesa, Pete Hegseth. É a mais recente operação da campanha de combate à droga do Presidente Donald Trump.

Os ataques no Pacífico têm como pano de fundo a acção militar antidroga dos EUA nas Caraíbas, que inclui mísseis teleguiados, aviões de combate F-35, um submarino nuclear e milhares de tropas. A Administração Trump enviou o porta-aviões Gerald R. Ford para a América Latina, onde é esperado nas próximas semanas.

Numa publicação nas redes sociais, Hegseth afirmou que as autoridades mexicanas assumiram a operação de busca e salvamento do único sobrevivente dos quatro ataques norte-americanos documentados que tiveram lugar nesta segunda-feira.

“Os barcos eram conhecidos dos nossos serviços secretos, estavam a transitar por rotas conhecidas de tráfico de droga e a transportar narcóticos”, disse o Secretário da Defesa, sem apresentar provas.

EUA não revelam detalhes

Hegseth publicou um vídeo de cerca de 30 segundos, que mostra dois navios estacionários, lado a lado, antes de explodirem. Outra parte do vídeo mostra outras duas embarcações em movimento antes de explodir.

As autoridades mexicanas não responderam de imediato a um pedido para comentário.

Os ataques seguiram-se a pelo menos uma dezena de outros nas Caraíbas e Pacífico desde o início de Setembro, numa campanha que provocou o aumento da tensão entre os EUA e a Venezuela e Colômbia. Trump também autorizou a CIA a conduzir operações secretas na Venezuela.

O Pentágono forneceu poucas informações sobre qualquer um dos ataques, incluindo a quantidade de droga que os barcos alegadamente transportavam e as identidades das pessoas mortas.

Estes ataques alarmaram alguns congressistas democratas, que se interrogam sobre a conformidade destas acções com as leis da guerra.

Os juristas questionam a razão pela qual o Exército dos EUA está a realizar estes ataques, em vez da Guarda Costeira, que é a principal agência de aplicação da lei marítima dos EUA, e porque é que outras acções não foram tomadas para evitar a saída dos alegados traficantes antes de se recorrer a ataques que resultam em vítimas mortais.

A Reuters noticiou anteriormente que dois alegados traficantes de droga sobreviveram a um ataque militar dos EUA nas Caraíbas no início deste mês. Foram resgatados e levados para um navio da Marinha dos EUA antes de serem repatriados para a Colômbia e para o Equador.

O Presidente da Venezuela, Nicolas Maduro, tem alegado repetidamente que o objectivo dos EUA é afastá-lo do poder.

Em Agosto, Washington duplicou a recompensa por informações que conduzam à detenção de Maduro para 50 milhões de dólares, acusando-o de ligações ao tráfico de droga e a grupos criminosos, que Maduro nega.

Reportagem de Idrees Ali, Phil Stewart e Brendan O’Boyle, Reuters