Kamala Harris foi a grande convidada do Late Show de Stephen Colbert da noite desta quinta-feira, e o seu futuro após abandonar a corrida a governadora do estado onde nasceu, a Califórnia, foi tema de conversa. Questionada pelo apresentador sobre qual foi a razão para recusar avançar para o cargo, a antiga candidata a Presidente dos EUA disse que não queria voltar “a um sistema” que estava “quebrado”.

Harris, que recusou também avançar para qualquer outro posto, lembrou na conversa com Colbert que, quando estava a começar a sua carreira como procuradora, a principal justificação que deu aos seus pais foi que queria tentar mudar o sistema por dentro, pois via aqueles com vontade de mudança a ficarem sempre de fora.

Sou uma servidora pública devota, passei a minha carreira toda ao serviço das pessoas”, disse Harris, explicando que, apesar de haver “tantas boas pessoas que são servidores públicos, como professores, bombeiros, polícias, enfermeiros e cientistas”, tomou a decisão de se afastar “por agora” do sistema político norte-americano.

“Sempre acreditei que, por mais frágil que seja a nossa democracia, os nossos sistemas seriam fortes o suficiente para defender os nossos princípios mais fundamentais, e acho que, neste momento, eles não são tão fortes quanto deveriam ser“, considerou a antiga vice-Presidente dos EUA.

Kamala Harris diz que, em vez de voltar ao sistema, quer “viajar pelo país” para ouvir e falar com pessoas. “E não quero que seja algo transacional, em que estou a pedir-lhes o seu voto”, acrescentou.

Colbert, insistindo na questão, apontou que ouvir Kamala “dizer que [o sistema] está quebrado” era algo “angustiante“. Ao que Harris respondeu que “também é algo evidente”.

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Harris vai agora lançar um livro cujo nome sobre a sua campanha presidencial de 2024 e cujo nome — 107 Days — é o mesmo da duração desta campanha. Apesar de olhar para o passado e se afastar, no futuro próximo, dos cargos públicos, Kamala Harris diz que isto não significa que está “a desistir”.

“Vou fazer sempre parte da luta. Isso não vai mudar”, garante. “O poder está com o povo. Esse sempre foi o ideal e a força da nossa nação”.

Desenvolvendo, Harris diz que agora é a hora dela, com a experiência nos cargos que já teve, de sair à rua e “lembrar a todos os que precisem do seu poder”.

“É o nosso poder, é o nosso governo, é o nosso país”, relembrou ainda, sublinhando que é algo importante frisar numa altura em que as pessoas “se tornaram tão desanimadas, tão desoladas, tão assustadas”.

Depois de Colbert dizer que Kamala Harris tinha previsto a maior parte das medidas que o governo de Trump está a aplicar, a antiga vice-Presidente respondeu que talvez tenha sido “ingénua”, pois admitiu que não esperava a “capitulação” e que as pessoas “se submetessem ao Presidente”.

“Há muitos que se consideram guardiões do nosso sistema e da nossa democracia que simplesmente capitularam, e eu não esperava por isso”, confessou.

Falando sobre o momento da campanha em que Kamala Harris acabou por perder para Donald Trump, depois das votações em novembro de 2024, a candidata derrotada assumiu que foi um “foi um dia difícil” para si. Mas que sentiu que não era o fim.

“Acho que é muito importante que nunca deixemos que uma circunstância, uma situação ou uma pessoa derrote o nosso espírito”, sublinhou. “Não se pode desistir da nossa crença sobre o que pode ser melhor”.

[Horas depois do crime, a polícia vai encontrar o assassino de Issam Sartawi, o dirigente palestiniano morto no átrio de um hotel de Albufeira. Mas, também vai descobrir que ele não é quem diz ser. “1983: Portugal à Queima-Roupa” é a história do ano em que dois grupos terroristas internacionais atacaram em Portugal. Um comando paramilitar tomou de assalto uma embaixada em Lisboa e esta execução sumária no Algarve abalou o Médio Oriente. É narrada pela atriz Victoria Guerra, com banda sonora original dos Linda Martini. Ouça o segundo episódio no site do Observador, na Apple Podcasts, no Spotify e no Youtube Music. E ouça o primeiro aqui]