No mundo do k-pop, há alguns exemplos de grupos extremamente duradouros, como o TVXQ! — quinteto masculino que ao longo dos anos acabou se tornando um duo —, que está ativo há mais de vinte anos, ou o Girls’ Generation, que é o grupo feminino há mais tempo em atividade, lançando hits há quase 18 anos.

Ainda assim, não é incomum encontrar formações com períodos mais curtos na indústria, como o 4MINUTE e o SISTAR, que caíram na “maldição dos sete anos”, termo usado para disbands (encerramento das atividades do grupo) que acontecem após o prazo contratual máximo em que grupos são mantidos como talentos de agências de entretenimento sul-coreanas.

Há ainda grupos com tempo de atividade ainda menor, como o X1, formado no reality show Produce X 101, que pôde ser acompanhado por apenas cinco meses; o SOLIA, que após cinco dias do debut acabou se separando definitivamente; e o AILA, que teve a menor duração dentre os listados, tendo apenas uma hora de existência.

O que aconteceu com o AILA?

Grupo da agência que debutou o Babyboo, Hyunda Company, o AILA teve como membros os seguintes nomes: Rahee, Siyeon, Yena e Kelly, idols que debutaram juntas com o primeiro e único single digital da discografia da formação: “Pretty Pretty Pretty Girl”, lançado em 15 de janeiro de 2014.

Elas, que se apresentaram como luas e que prometiam juntas formar “uma lua cheia para iluminar a escuridão”— uma brincadeira com nome do grupo que significa lua em turco —, acabaram brilhando por pouco tempo, já que o grupo se desfez logo após o debut stage, ou seja, a primeira performance ao vivo para promover a faixa de estreia.

Com grandes expectativas, o quarteto subiu ao palco do programa “Show! Music Core”, da MBC, em 12 de janeiro de 2014 para a performance de “Pretty Pretty Pretty Girl” ; relembre:

No entanto, o futuro para o AILA na indústria acabou enterrado uma hora após a apresentação. Segundo o programa “True Story”, da MBC (via Koreaboo), o motivo do disband do AILA foi o desempenho das idols, o qual foi considerado “insatisfatório” e despertou uma reação controversa do CEO da agência, que, além de repreender as integrantes, decretou o fim da formação.

Mais que a situação abusiva da estreia, no programa ainda foi relatado que a saúde e bem-estar do grupo nunca foram prioridade para a empresa, já que mesmo antes da estreia elas enfrentaram outros problemas. Dentre as situações listadas, estava o dormitório cedido, que enfrentava vazamentos de água e quedas de energia, bem como a alimentação ofertada, a qual também era precarizada, com arroz mofado sendo servido para as refeições do grupo.

O pesadelo pós-disband

Ainda assim, a breve história do AILA enfrentaria um novo desafio. Isso porque, com a dissolução prematura do grupo, as integrantes pediram a rescisão dos contratos de exclusividade com a Hyunda Company, o que acabou gerando mais uma reviravolta inesperada: o caso foi parar nos tribunais da Coreia do Sul.

Isso porque, como reação ao pedido das idols, o CEO da empresa — a qual acabou fechando as portas ao decretar falência em 2020 — decidiu processar Rahee, Siyeon, Yena e Kelly. No entanto, o processo acabou a favor do quarteto, permitindo que elas não só deixassem a empresa, mas também recebessem o pagamento por todas as suas atividades.

 


Izabela Queiroz

Izabela Queiroz, jornalista por paixão e cinéfila de carteirinha. Formada pela UNINOVE, encontrou na escrita o lugar ideal para unir tudo o que mais gosta: filmes, séries e música. Nos textos, há quase sempre referências a algo relacionado à cultura pop que a marcou. Fora deles, a encontrará assistindo histórias com reviravoltas chocantes, romances cativantes e dramas que a fazem chorar.