No lado dominicano confirmou-se até agora um morto, mas no Haiti, a inundação de uma ribeira arrastou casas, provocando pelo menos 25 mortos e vários desaparecidos.
Panamá registou até agora três mortos, com o primeiro ministro jamaicano a desmentir relatos que davam conta de três mortos no país.”Até ao momento, não houve relatos confirmados de mortes”, referiu.
Andrew Holness afirmou ainda que o governo apoiará as comunidades afetadas. “Sabemos que muitos de vós estão a sofrer, incertos e ansiosos após o furacão Melissa, mas saibam que não estão sozinhos”, afirmou na rede X.
Enquanto se limpam destroços e efetuam buscas, o número de mortos, feridos e desaparecidos poderá aumentar.
Em Cuba, atingida ao longo de quarta-feira, o Melissa deixou um rasto de destruição antes de abandonar a ilha pelas 17h40 em Lisboa.Mais de 240 comunidades permaneciam isoladas a essa hora.
O furacão atingiu terra durante a
madrugada, com chuvas e ventos intensos, provocando “estragos
consideráveis”, de acordo com o presidente cubano, Miguel Diaz-Canel.
A tempestade atingiu Cuba como furacão categoria 3, com ventos de 115
Km/h, afetando a costa ocidental da ilha ao longo de
quarta-feira.
Mais de 735.000 pessoas foram retiradas de áreas costeiras ocidentais, nomeadamente nas províncias orientais, de Santiago de Cuba, Holguín et Guantánamo. Foram encerradas escolas, comércio e serviços administrativos.
As ruas de Santiago de Cuba ficaram rapidamente inundadas e juncadas de destroços diversos, árvores e postes elétricos caíram.
“Uma casa ruiu em Mariana de la Torre, meu Deus, por favor”, escreveu
um residente de Santiago, a segunda maior cidade da ilha, no Facebook.
“Estamos todos a ser inundados”, alertou outro morador.
Em El Cobre, Santiago de Cuba, 17 pessoas ficaram presas pela inundação e por um deslizamento de
terras, segundo os meios de comunicação estatais.
De acordo com o site oficial de notícias Cubadebate, “as águas estão a
descer com força, arrastando tudo à sua passagem” na Serra Maestra.
Em várias outras comunidades da região, vastas zonas baixas “estão
inundadas, mas a escuridão e as restrições de circulação impedem as
autoridades de determinar se há vítimas”, referiu a mesma fonte.
Jornalistas da Agência France Presse assistiram à quebra de janelas e à
queda de tetos num hotel onde estavam alojados, em Santiago de Cuba,
enquanto as habitações em torno ficavam inundadas devido às chuvas
trazidas pelo furacão.
“A noite foi complicada”, reconheceu Diaz-Canel na sua conta na rede X, sem apesar disso contabilizar os estragos.Dezenas de mortos no Haiti
Emmanuel Pierre, diretor geral da Proteção Civil haitiana, referiu que 10 dos mortos registados são crianças. As vítimas foram arrastadas quando as águas, da ribeira La Digue, galgaram as margens e arrastaram várias casas da aldeia costeira de Petit Goâve.
O Reino Unido vai prestar assistência financeira de emergência de 2,5 milhões de libras (2,8 milhões de euros) à Jamaica, informou esta quarta-feira o Ministério dos Negócios Estrangeiros.
Também os Estados Unidos estão em contacto com os governos da Jamaica,
do Haiti, da República Dominicana e das Bahamas, disse o secretário de
Estado, Marco Rubio, esta quarta-feira.
“Temos equipas de resgate e resposta a caminho das áreas afetadas, juntamente com mantimentos essenciais para salvar vidas”, disse Rubio em comunicado de imprensa.
Um dos piores momentos na Jamaica
O furacão atingiu a costa jamaicana na terça-feira, perto da cidade de New
Hope, deixando a capital Kingston, livre de maior perigo.
Mas todo o
país foi afetado, árvores e cercas foram derrubadas, estradas ruíram. As infraestruturas, particularmente hospitais, ficaram severamente comprometidas, depois de atingidas por ventos de quase 300 quilómetros/hora.
A paróquia de Saint Elizabeth, no sudoeste da ilha, com uma população de 150 mil habitantes e considerada o celeiro da Jamaica, ficou debaixo de água. Os danos ali “são consideráveis”.
“Toda a Jamaica sofreu os efeitos devastadores do tufão Melissa”, referiu Desmond McKenzie, ministro das comunidades locais.
“Mais de 530 mil jamaicanos estão sem eletricidade. Estão em curso trabalhos para repor o serviço e dar prioridade a hospitais, estações elevatórias e estações de tratamento de águas”, reportou o ministro.
As autoridades referem que este é um dos piores momentos da história do país.
À BBC, um residente na Jamaica, André Palmer, considerou mesmo este o “furacão mais intenso que já presenciei”.
“Durante cerca de 16 horas houve um vento forte e muita chuva que não parava de bater na casa, nas janelas e nas portas. Os detritos voavam com o vento. Foi realmente muito intenso”, contou.
Palmer afirmou estar sem eletricidade e água canalizada desde a manhã de terça-feira.
Bahamas a seguir
Jorge Miguel Miranda, professor da Universidade de Lisboa e ex-diretor do IPMA, explica porque temos de nos preparar para tempestades da dimensão do Melissa.

A tempestade é atualmente um furacão de categoria 2 na escala Saffir-Simpson, mas mantém-se perigosa.
No seu último boletim, o Centro Nacional de Furacões dos EUA, NHC, previa que o centro de Melissa se deslocasse da costa leste de Cuba, para atravessar o sudeste ou o centro das Bahamas ao longo das horas seguintes e, em seguida, passar perto ou a ocidente das Bermudas na noite de quinta-feira e durante a madrugada de quinta para sexta-feira.

O Melissa atingiu a Jamaica na terça-feira como furacão categoria 5, batendo o recorde de 1935 para o furacão mais intenso ao tocar no solo, de acordo com uma análise da AFP com base em dados meteorológicos da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA (NOAA).
O anterior recorde pertencia há 90 anos ao furacão Labor Day, que devastou os Cayos da Florida em 1935 com ventos que também se aproximaram dos 300 km/h e uma pressão atmosférica mínima de 892 milibares.
Com agências