O fotógrafo de vida selvagem Ángel Hidalgo andava há meses à espera deste encontro, mas só no final de Outubro conseguiu uma imagem do “fantasma branco”, o lince ibérico que tem uma cor única. A emoção foi tal que “ficou paralisado”, contou o fotógrafo ao El País. Os linces ibéricos são, por norma, de cor acastanhada.

O encontro aconteceu na Andaluzia, em Jaén. Hidalgo já sabia da existência deste lince com uma coloração diferente da habitual desde que, há uns meses, uma das suas “armadilhas fotográficas” o apanhou no enquadramento, mas foi uma longa espera até o ver e fotografar, período em que, confessou nas redes sociais, esteve “prestes a atirar a toalha ao chão”.

Ángel Hidalgo, 29 anos, relatou que o momento aconteceu numa manhã, “depois de ter chovido a noite toda”. O fotógrafo conta que, ao amanhecer, viu ao longe o lince, com “a sua penugem branca como a neve e os seus olhos penetrantes”.


O lince já era conhecido pelo programa que se ocupa da recuperação da população dos linces ibéricos na Andaluzia, mas esse facto não tinha ainda sido divulgado, conta o El País. A mesma fonte garante que o animal avistado se chama Satureja, uma fêmea nascida em 2021, que ao longo do tempo adquiriu uma tonalidade branca. A mudança de cores, contudo, não terá afectado os hábitos e comportamentos normais da Satureja.

Javier Salcedo é o coordenador do Life Lynx-Connect, o plano de recuperação desta espécie naquela região, e disse ao El País que estão a investigar a razão da descoloração, que poderá ter ocorrido” pela exposição a algo ambiental, só não se sabe o quê”.

A autarquia de Andaluzia tem dados de outra fêmea a quem ocorreu exactamente o mesmo que a Satureja – nasceu com tons castanhos e foi ficando branca e, mais tarde, recuperou a tonalidade castanha. Essa outra fêmea é da mesma zona de Córdoba que a Satureja, pelo que “não se descarta a opção de serem parentes”, escreve o La Vanguardia. Pela mesma razão, Salcedo disse ao mesmo jornal que é possível que também Satureja volte à sua cor “normal”.


Há cerca de duas décadas esta era uma espécie em risco, inclusive, chegou a ser a “espécie de felino mais ameaçada de extinção no planeta”. Dez anos depois de ter sido reintroduzido em Portugal, há mais de 350 em território português de um universo de 2400 na Península Ibérica. Em 2024 o número de linces na Península Ibérica aumentou 19%.