Cotrim disse que “acredita cada vez mais” que pode vencer e insiste que quer deixar para trás a ideia de que as presidenciais são uma espécie de segunda volta de legislativas, onde se aplicam os mesmos critérios “de esquerda e direita”
O candidato à Presidência da República João Cotrim de Figueiredo apresentou os pilares da sua campanha, anunciado o mandatário José Miguel Júdice, a ambição eleitoral de seguir para uma segunda volta e a visão para o papel de Portugal perante os desafios geopolíticos de um mundo que está mesmo a mudar.
“Vão ter a oportunidade no domingo de manhã, pelas 11 horas, no CCB, de ouvir falar pela primeira vez, na qualidade de meu mandatário, José Miguel Júdice. Um homem que eu não escolhi pelas suas capacidades jurídicas, mas sim porque é um homem de espírito livre e lúcido”, disse Cotrim de Figueiredo, falando de um histórico do PSD que, apesar de já não ser filiado, ajudou a trilhar caminho para os governos de Aníbal Cavaco Silva, por exemplo.
O candidato presidencial revelou que está a construir a campanha com pessoas com experiência política de partidos como o PS ou PSD. Além disso, Cotrim de Figueiredo revelou ter um grupo de pessoas “que são particularmente boas” em várias áreas da sociedade que não tiveram espaço na política nacional, num grupo chamado “Horizonte 2031”.
Questionado sobre se acredita que tem mesmo hipótese de vencer, Cotrim de Figueiredo disse que “acredita cada vez mais” e quer ultrapassar a ideia de que as presidenciais são uma espécie de segunda volta de legislativas, onde se aplicam os mesmos critérios “de esquerda e direita”.
“O que me levou a avançar foi o conjunto de candidatos em que muitas das pessoas com quem convivo e que gosto não conseguiam votar, por falta de ambição, por falta de olhar para o futuro ou por um certo cinzentismo”, afirma o candidato liberal.
João Cotrim de Figueiredo insistiu que o que importa para um candidato presidencial é a capacidade de “discutir as coisas”, particularmente o que Portugal tem mesmo de discutir devido às mudanças geopolíticas que estão a acontecer. “É bom que o país esteja preparado uma vez na vida”, defende.
O candidato liberal garantiu que conseguirá ir à segunda volta, mesmo com muitas sondagens a colocar Cotrim de Figueiredo atrás de Gouveia e Melo, Marques Mendes e André Ventura. Para Cotrim de Figueiredo “não chegar a uma segunda volta será uma derrota”.
Questionado se teria gerido o caso das gémeas de forma diferente à do Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, Cotrim de Figueiredo admitiu que nunca tinha pensado nisso, mas garante que “assumiria sempre as responsabilidades fosse do que fosse que tivesse acontecido no meu círculo familiar próximo”.
Os desafios geopolíticos são alguns dos principais dilemas que Portugal tem pela frente, particularmente na guerra na Ucrânia. Para o candidato presidencial, que seria o comandante supremo das Forças Armadas, caso fosse necessário, aceitaria o envio de tropas portuguesas para a Ucrânia.
“Aceitaria. Portugal, estando a mais de quatro mil quilómetros da frente de batalha, está em guerra também. As pessoas não têm noção. Felizmente não temos tanques na rua, mas temos ataques híbridos todos os dias e navios da frota sombra russa a passar na nossa costa. Isso acontece todos os dias. Portugal já está em guerra”, refere.
Questionado sobre se vê com bons olhos o regresso do serviço militar obrigatório, Cotrim de Figueiredo descartou, sublinhando que “vê com maus olhos” tudo aquilo que é obrigatório.
Confrontado com as posições de Donald Trump e se o presidente norte-americano é um perigo para a democracia, o candidato presidencial admitiu que essa é uma possibilidade, caso as suas ações destruam a ordem mundial com base em regras, fazendo com que o mundo transite para uma ordem mundial com base na força.