Os ataques israelitas na Faixa de Gaza persistem, com mais de meia centena de mortes registadas este sábado, de acordo com números reportados por fontes hospitalares à Al-Jazeera. Destas vítimas, 27 serão pessoas que procuravam chegar à ajuda humanitária. Já neste sábado, o Hamas insistiu em que recusa a deposição das armas até que seja estabelecido um Estado palestiniano independente.

De acordo com a agência de notícias palestiniana Wafa, seis pessoas que esperavam por ajuda perto de Wadi Gaza, na zona central da Faixa de Gaza, foram alvejadas mortalmente por forças israelitas.

O número de vítimas mortais nestas circunstâncias não pára de aumentar: desde que a distribuição de alimentos passou a ser coordenada pela Fundação Humanitária de Gaza (FHG), mandatada por Israel com o apoio dos Estados Unidos, as forças israelitas têm regularmente aberto fogo contra os palestinianos que se deslocam aos locais estipulados para procurar ajuda. Segundo as Nações Unidas, quase 1400 pessoas morreram nestas circunstâncias desde o final de Maio.


O incidente deste sábado acontece depois de, na sexta-feira, outros 12 palestinianos que procuravam ajuda humanitária terem sido mortos no Corredor de Netzarim, também na região central de Gaza, poucas horas depois de Steve Witkoff, o enviado especial da Administração Trump para o Médio Oriente, ter visitado um destes centros de distribuição.

Paralelamente, continua a aumentar a contagem de mortes por subnutrição. A fome em Gaza já fez 169 mortes, segundo a Al-Jazeera, 93 das quais crianças – nas últimas 24 horas, sete pessoas pereceram por este motivo, incluindo uma criança, segundo o Ministério da Saúde de Gaza.

Em Tel Aviv, a imagem de um soldado das Forças de Defesa de Israel (IDF) feito refém pelo Hamas, definhando, motivou as famílias dos israelitas ainda nas mãos do Hamas a manifestarem-se, pedindo ao Governo o regresso dos entes queridos a Israel.




Protestos pelo regresso a casa dos reféns israelitas do Hamas, em Tel Aviv, Israel, a 2 de Agosto
ABIR SULTAN/EPA

Os protestos tiveram como pano de fundo a visita de Steve Witkoff, que depois de estar na sexta-feira na Faixa de Gaza – foi o primeiro representante norte-americano em 15 anos a entrar no território – seguiu viagem para Israel.

Vídeos difundidos por vários meios de comunicação mostram Witkoff a chegar ao local dos protestos, onde terá falado com as famílias de alguns dos reféns, dizendo “compreender a frustração” e que o acordo para um cessar-fogo está “muito próximo”, segundo o diário israelita Haaretz.

De acordo com a Associated Press, as famílias dos reféns e os seus apoiantes que protestaram em Tel Aviv apelaram ao governo do Estado hebraico para que alcance um acordo que ponha fim à guerra, implorando que “acabem com este pesadelo e os tirem dos túneis”.

Não há deposição de armas sem Estado palestiniano estabelecido, diz Hamas

Também este sábado, o Hamas afirmou que não aceitará o desarmamento a menos que seja estabelecido um Estado palestiniano independente.

Na declaração citada pela Reuters, o grupo afirmou que não pode renunciar ao direito à “resistência armada”, a não ser que seja estabelecido um “Estado palestiniano independente e totalmente soberano, com Jerusalém como capital”.

A mensagem surge numa altura em que as negociações indirectas entre o Hamas e Israel por um cessar-fogo, que estavam a ser mediadas pelo Catar e pelo Egipto, estão interrompidas. As conversas chegaram a um impasse na semana passada, sem sucesso na obtenção de um acordo para um cessar-fogo de 60 dias e a entrega dos reféns que restam.