Recentemente, autoridades alemãs desmantelaram uma sofisticada rede internacional dedicada à venda de falsificações de renomados artistas como Rembrandt van Rijn, Peter Paul Rubens, Pablo Picasso e Frida Kahlo, entre outros. As obras, que poderiam ter sido comercializadas por milhões de dólares, foram alvo de uma operação que se estendeu por diversos países da Europa, incluindo Suíça e Liechtenstein.
A investigação teve início com a prisão de um homem de 77 anos, natural da Baviera, que liderava o grupo criminoso composto por dez cúmplices. Segundo comunicado divulgado pela polícia local, a descoberta da trama ocorreu após tentativas do principal suspeito em vender duas falsificações atribuídas a Picasso, incluindo um retrato de Dora Maar, uma das musas mais icônicas do pintor espanhol. Para contextualizar o valor do mercado, uma pintura original de Picasso representando Maar foi leiloada recentemente por cerca de 37 milhões de dólares.
O inspetor chefe Patrick Haggenmüller comentou à Reuters TV sobre as circunstâncias que levaram ao desmantelamento da rede: “Um potencial comprador nos procurou porque as negociações não estavam sendo o que se esperaria para pinturas dessa qualidade”. O modo peculiar de operação dos criminosos também chamou atenção: eles ofereciam as pinturas diretamente do porta-malas de seus veículos.
Entre os itens falsificados estava uma cópia enganosa da famosa obra ‘Os síndicos da guilda dos fabricantes de tecidos’ de Rembrandt, que estava sendo ofertada por cerca de 150 milhões de dólares. O original desta pintura está em exibição permanente no Rijksmuseum, em Amsterdã.
Conforme repercute a Smithsonian Magazine, os membros da rede alegavam que o museu possuía uma cópia da obra, e que a falsificação era um original perdido há muito tempo. Contudo, especialistas que examinaram a peça concluíram com clareza que se tratava de uma imitação datada provavelmente do século 20.
Uma mulher suíça de 84 anos, proprietária da suposta obra de Rembrandt, também é investigada como possível cúmplice. Além dela, um homem alemão de 74 anos foi identificado como o responsável pela falsificação dos documentos que atestavam a autenticidade das obras.
No dia 15 de outubro, durante uma série coordenada de operações policiais realizadas ao amanhecer em mais de doze locais na Europa Central, a polícia confiscou a falsificação atribuída a Rembrandt. As ações resultaram na apreensão de documentos, celulares e diversas outras obras suspeitas.
As pinturas confiscadas imitavam estilos e técnicas de artistas como Anthony van Dyck, Juan Miró e Amedeo Modigliani, com valores entre 465 mil e 16 milhões de dólares. A investigação segue em andamento, com especialistas e avaliadores analisando detalhadamente todas as obras apreendidas nas próximas semanas.
É importante ressaltar que esse caso ocorre em um contexto mais amplo; em 2024, uma investigação conjunta entre policiais espanhóis e franceses resultou na prisão de um suspeito por tentar vender uma falsificação atribuída a Leonardo da Vinci por quase 1,5 milhão de dólares. Além disso, no ano passado, a polícia espanhola desarticulou outra rede dedicada à comercialização de falsificações do artista Banksy.
Éric Moreira é jornalista, formado pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo. Passa a maior parte do tempo vendo filmes e séries, interessado em jornalismo cultural e grande amante de Arte e História.