A economia portuguesa teve um crescimento de 0,8% no terceiro trimestre deste ano face ao trimestre precedente, acima dos 0,7% anteriores. “O contributo positivo da procura interna para a variação em cadeia do PIB aumentou, reflectindo a aceleração do consumo privado”, referiu esta quinta-feira o INE, que fez uma revisão dos valores de vários trimestres (a variação em cadeia do segundo trimestre, por exemplo, era de 0,6%).

Por outro lado, diz, “o contributo da procura externa líquida foi mais negativo, tendo a aceleração das importações de bens e serviços sido mais pronunciada que a das exportações de bens e serviços”.

Em termos homólogos, o Produto Interno Bruto (PIB) registou uma variação homóloga de 2,4% no terceiro trimestre de 2025, acima dos 1,8% no trimestre precedente.

“O contributo negativo da procura externa líquida para a variação homóloga do PIB foi menos acentuado, reflectindo a aceleração das exportações de bens e serviços e uma ligeira desaceleração das importações de bens e serviços.





Já “o contributo positivo da procura interna para a variação homóloga do PIB manteve-se próximo do observado no trimestre anterior, verificando-se uma aceleração do consumo privado e uma desaceleração do investimento”, explica o INE. O INE irá publicar dados mais detalhados sobre o contributo das várias componentes no dia 30 de Novembro.

IRS e pensões ajudaram

Numa nota rápida, o departamento de estudos económicos e financeiros do BPI afirmou que a subida de 0,8% em cadeia “reflecte o maior contributo da procura interna, suportado pelo consumo privado que terá sido influenciado pelas medidas fiscais pontuais que se traduziram em incremento do rendimento disponível das famílias no trimestre”.

O incremento referido teve por base o pagamento do suplemento extraordinário de pensões, que ocorreu em Setembro, e as alterações do IRS com efeitos retroactivos ao início do ano, que beneficiou os recebimentos no final de Setembro e também de Outubro.

Finanças confiantes na meta dos 2%

Para o conjunto do ano, o Governo estima agora um crescimento de 2%, conforme consta da proposta do Orçamento do Estado em discussão no Parlamento, abaixo dos 2,4% previstos inicialmente.

Este valor, mesmo revisto, está ligeiramente acima dos 1,9% estimados pelo Banco de Portugal e pelo Conselho das Finanças Públicas, e os 1,8% da Comissão Europeia.

Em comunicado, o Ministério das Finanças destacou que a subida em cadeia ficou acima “do que era esperado pela maioria dos analistas”.

O crescimento, sublinhou o Governo, é “o maior registado entre os países da zona euro que divulgaram estimativas rápidas”.

“Depois dos efeitos negativos da incerteza internacional e da guerra comercial e dos choques geopolíticos, a economia portuguesa continua a demonstrar uma elevada resiliência”, defendeu o ministério liderado por Miranda Sarmento.

“Este desempenho reforça a confiança que existe relativamente à economia nacional e a convicção do Governo de que é possível atingir um crescimento de 2% este ano, como consta da previsão incluída na proposta de Orçamento do Estado para 2026”, sublinharam as Finanças.

Alemanha estagna

Esta quinta-feira, o Eurostat divulgou também os dados dos países da União Europeia (UE) e da zona euro, tendo Portugal crescido acima das respectivas médias de 0,3% e de 0,2% em cadeia. Em termos homólogos, as subidas foram de 1,5% na UE e de 1,3% na zona euro.

A Alemanha, principal economia da Europa, estagnou no terceiro trimestre em cadeia, depois dos -0,2% do período anterior. Já a Espanha, o maior parceiro comercial de Portugal, cresceu 0,6%, uma ligeira desaceleração de 0,2 pontos percentuais.

A maior subida em cadeia foi a da Suécia (que não pertence ao euro), com 1,1%, seguindo-se Portugal com os seus 0,8% e a Chéquia com 0,7%. Em sentido contrário esteve a Lituânia, com -0,2%, e a Irlanda e a Finlândia, ambos com -0,1%.