Uma mulher de 80 anos foi encontrada morta na ilha Lizard, na Grande Barreira de Coral, depois de não ter regressado ao navio da Coral Expeditions, que partiu do porto sem a passageira. A embarcação atracou na ilha ao início da manhã de sábado. Suzanne Rees terá desembarcado numa excursão de caminhada até ao topo da montanha Cook’s Look, mas já não regressou ao navio.
“Soubemos pela polícia que estava um dia muito quente e que a minha mãe se sentiu mal durante a subida”, conta a filha, Katherine Rees, ao Guardian. “Pediram-lhe que descesse sem acompanhante. Depois o barco partiu, aparentemente sem fazer a contagem dos passageiros. A dada altura desta sequência, ou pouco depois, a minha mãe morreu sozinha.”
De acordo com a polícia de Queensland, a morte terá sido “súbita e sem suspeitas”, embora prossigam as investigações. O incidente foi comunicado às autoridades pelo capitão do navio de cruzeiro às 21h de sábado. Foi depois de “iniciada uma operação de busca e salvamento em terra e no mar”, mas Suzanne acabaria por ser encontrada sem vida no dia seguinte.
“Embora as investigações ao incidente continuem, lamentamos profundamente o sucedido e estamos a oferecer todo o nosso apoio à família da mulher”, declara Mark Fifield, director-executivo da Cortal Expeditions, em comunicado. Katherine Rees, no entanto, acusa a companhia de “negligência e falta de bom senso”.
Num comunicado publicado na tarde de quarta-feira, a Autoridade Australiana de Segurança Marítima (AMSA), afirma que “fará uma avaliação para determinar se houve alguma irregularidade relacionada com o facto de a passageira não ter sido contabilizada a bordo do navio e, se necessário, tomará medidas para o resolver”.
A ilha, localizada a cerca de 30 quilómetros da costa de Queensland, foi a primeira paragem do itinerário do Coral Adventurer, que tinha iniciado no dia anterior um cruzeiro de 60 noites à volta da Austrália. Com capacidade máxima de 120 passageiros (60 quartos e suítes), os preços da viagem custavam a partir de 80.000 dólares australianos (cerca de de 45 mil euros).
Políticas de embarque e desembarque de passageiros nos cruzeiros
As companhias de cruzeiros procuram atrair passageiros tanto pelas experiências a bordo do navio como pelas paragens que vão fazendo ao longo do itinerário, permitindo aos turistas sair por algumas horas para visitar o destino antes de rumarem ao próximo porto. O que acontece se não voltar a embarcar?
“No caso de os passageiros adquirirem excursões em terra com a companhia, o transporte para o navio a tempo de embarcarem está assegurado”, responde a Melair, empresa portuguesa que representa no mercado nacional as companhias de cruzeiros Royal Caribbean International, Celebrity Cruises e Azamara Cruises.
“Quando os passageiros adquirem excursões com empresas locais ou preferem explorar por si mesmos os destinos, ficam responsáveis por regressar ao navio até à hora indicada”, acrescenta. “Todos os dias, em cada escala é recordado a hora limite para estarem a bordo, sendo que podem regressar mais cedo.”
De acordo com a empresa portuguesa, “no processo de embarque/desembarque obrigatoriamente todos os passageiros individualmente têm de passar o seu cartão de bordo e o sistema do navio reconhece o passageiro e regista a entrada ou a saída do mesmo do navio”. Garante que “o navio tem sempre a informação de quem está a bordo e quem desembarcou”.
“Em todas as escalas, o comandante define o horário máximo de tempo de espera de passageiros que se atrasem, sem afectar a viagem até ao porto seguinte e a experiência de viagem e segurança dos restantes passageiros”, acrescenta ainda. “Nestas situações o comandante e a equipa de segurança do navio estão em constante comunicação e têm 100% a noção de quantos e de que passageiros estão em terra.”
“Na informação de cada reserva temos o email e contacto telefónico directos dos hóspedes. Nestas situações os passageiros são contactados e nesse momento é percebido se estão perto ou sem possibilidade de chegar ao navio em tempo útil. No caso de não poderem embarcar nesse porto são ajudados por agentes locais a conseguir transporte para a escala seguinte e assim poder embarcar. A decisão de o navio zarpar é inteiramente da responsabilidade do comandante que dará a ordem para fechar as portas de embarque.”
A Fugas contactou outras companhias de cruzeiros que se recusaram a responder.