As próprias expressões usadas pelos dois soldados atestam a antiguidade das missivas. “O navio ondula e abana por todos os lados, mas estamos tão felizes como o Larry [happy as Larry]”, escreveu Malcolm Neville, usando um coloquialismo australiano que há muito desapareceu do uso corrente.
Neville também pede, na carta, que esta seja entregue – caso seja encontrada – à sua mãe, Robertina Neville, em Wilkawatt, que desde então se transformou numa cidade fantasma no Sul da Austrália. Já Harley, cuja mãe já tinha morrido em 1916, dava-se por satisfeito que a pessoa que encontrasse a garrafa ficasse com a mensagem. “Que a pessoa que encontre [esta mensagem] fique tão bem como nós nos encontramos presentemente”.
O casal que encontrou a garrafa, Deb e Peter Brown, suspeitam que esta terá ficado mais de uma década presa na areia das dunas. A grave erosão que se tem verificado nos últimos meses nas dunas da praia de Wharton – causados por ondas enormes – terá desalojado a garrafa do seu sono descansado. O papel das cartas estava molhado, mas as partes escritas continuavam bem legíveis.
“A garrafa está numa condição quase imaculada. Não tem quaisquer crustáceos [como pequenas lapas ou cracas] agarrados a ela. Acredito que se tivesse estado no mar ou exposta durante todo este tempo, o papel ter-se-ia desintegrado com a luz do sol. Não teríamos conseguido lê-la”, disse Deb Brown, citada pela Associated Press.
E foi assim, por ter conseguido ler as cartas, que Deb Brown se lançou numa missão para encontrar os familiares dos dois soldados.