el chip / Flickr

A vespa asiática

“Há milhares de ninhos, cada vez mais” na região que lidera Espanha em picadas de insetos, mesmo “à porta” de Portugal. As recentes mortes são “apenas a ponta do icebergue”, avisa veterinário especialista na invasora.

Em menos de duas semanas, três homens perderam a vida na região de Galiza após ataques de vespas asiáticas, com as autoridades a reconhecerem um “aumento extraordinário” do inseto, devido à sua “enorme adaptabilidade ao clima e ao território”.

O último caso mortal ocorreu no domingo, em Cospeito, Lugo, onde um caçador de 55 anos terá pisado um enxame. Os dois casos anteriores envolveram homens que trabalhavam em terrenos agrícolas, que foram surpreendidos por ninhos subterrâneos da espécie invasora.

Entre junho e setembro decorre o período crítico de proliferação da vespa asiática, mas estamos em outubro e “há milhares de ninhos, cada vez mais”, e muitos não são removidos, denuncia um veterinário especialista na espécie e na sua incidência sanitária ao jornal El País.

A luta contra a vespa asiática já dura 15 anos em território galego. O governo local mantém-se otimista, e defende que o plano de choque implementado em 2024 está a dar resultados: este ano capturaram-se cerca de 230.000 rainhas, o dobro do registado em 2024, através da colocação de 18.500 armadilhas distribuídas pelos municípios. As chamadas de alerta de enxames diminuíram 30%. A junta garante que a retirada de ninhos para pessoas alérgicas é feita de forma urgente.

Em 2025, a Galiza retirou cerca de 16.400 enxames, quase o mesmo número de todo o ano anterior (18.700), mas há denúncias de que muitos permanecem no terreno.

O veterinário que falou com o jornal espanhol critica a gestão da crise e aponta para um “desinteresse” da administração, que não consegue lidar com todos os ninhos detetados, sobretudo os subterrâneos, invisíveis e particularmente perigosos. Os especialistas têm encontrado ninhos em árvores, vegetação densa, edifícios e até dentro de móveis, mas os subterrâneos representam um risco acrescido para quem limpa terrenos ou realiza atividades na natureza.

A abordagem atual, baseada em armadilhas na primavera, não resolve o problema e pode afetar outras espécies, alertam os especialistas. E as mortes conhecidas, alerta o veterinário, são “apenas a ponta do icebergue”, lembrando que muitas picadas não fatais exigem intervenção médica, mas não são registadas estatisticamente.

A Galiza lidera Espanha em mortes por picadas de insetos, com uma incidência anual de 2,2 por milhão de habitantes, muito acima da média nacional de 0,08. A falta de registo discriminado por espécie dificulta a implementação de medidas mais eficazes.

Marita Puga, presidente da Associação Galega de Apicultura, sublinha que o problema das vespas asiáticas já é uma questão de saúde pública.


Subscreva a Newsletter ZAP


Siga-nos no WhatsApp


Siga-nos no Google News